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domingo, 12 de dezembro de 2010

Portugal: O Estado Novo

Após a implantação da República em 1910 e do sistema parlamentar o país vivia uma fase de uma constante instabilidade governativa. Constantes greves e manifestações devido ao não cumprimento das promessas que a República tinha feito abalavam a situação social do país. A entrada de Portugal na Primeira Guerra  Mundial piorou mais ainda o descontentamento social e a instabilidade governamental, provocando também os desequilíbrios económicos. Já antes da instauração do Estado Novo, o país teve algumas experiências de ditaduras, contudo de pouca duração. Por exemplo, em 1915 o poder ficou nas mãos do general Pimenta de Castro que dissolveu o Parlamento e instalou uma ditadura militar. Todavia, este não esteve no poder muito tempo, tendo sido preso mais tarde. Seguiu-se Sidónio Pais, que em Dezembro de 1917 dissolvendo o Congresso fez-se eleger presidente por eleições directas em 1918, defendendo o presidencialismo. Este também não teve o poder por muito tempo, tendo sido assassinado mais tarde.
Só em 1926, após longas instabilidades políticas, através de um golpe de Estado promovido pelos militares acabou-se com a República parlamentar portuguesa.A facilidade da implantação das ditaduras em Portugal deveu-se às fracas bases democráticas do país. Foi então com a implantação de uma ditadura militar que o Estado Novo teve o seu início, mantendo-se esta até 1933, ano em que sobe ao poder talvez o mais marcante ditador da história portuguesa, o Dr.António de Oliveira Salazar que já antes era Ministro das Finanças.
Com as sucessivas mudanças de chefes do Executivo resultou o agravamento do défice orçamental.
António de Oliveira Salazar ficou encarregue da pasta das Finanças em 1928, com a função de melhor gerir as despesas dos ministérios.
Pela primeira vez, a situação económica de Portugal apresentou saldo positivo no Orçamento. Devido a este factor, em 1932, Salazar candidatou-se para a chefia do Governo, desde cedo mostrando os seus propósitos de instaurar uma nova ordem política.
Desta forma, em 1933 chegou ao ponto de ser afirmada uma nova Constituição, submetida ao plebiscito nacional. Foi então que se afirmou o Estado Novo, como sendo um forte Estado autoritário que condicionava as liberdades individuais aos interesses da Nação.Com a implantação de um Estado autoritário,corporativo e conservador, Portugal começou uma nova fase da sua vida.Segundo comparações com outros chefes autoritários vemos como Salazar se identificava com o chefe italiano, Mussolini. Foi principalmente na questão económica que estes dois chefes de estados se assemelharam visto que os dois começaram por apostar na agricultura do país, enquanto que por exemplo Hitler, o chanceler alemão, começou logo com a indústria pesada e com o rearmamento do país, pois tinha como objectivo a ocupação de territórios e o seu domínio. Foi através do seu forte conservadorismo e tradicionalismo que o Estado português se distinguiu dos outros estados fascistas, repousando em valores e conceitos morais tal como: Deus, Pátria, Família, Autoridade, Paz Social, Hierarquia, Moralidade e Austeridade. Visto que era de uma família rural, Salazar criticava a sociedade urbana e industrial, definindo-a como uma fonte de vícios. Com a subida de Salazar ao poder, a religião passou a ter de novo uma grande importância para os valores morais da sociedade. Por outro lado, a mulher era vista apenas como dona de casa, pois o seu trabalho fora do lar era visto como uma ameaça à estabilidade familiar.
Também foi notório  no Estado Novo, um nacionalismo exuberante. Salazar tendia sempre a engrandecer o povo português principalmente pelos seus feitos históricos, vendo os portugueses como heróis. Mesmo sendo comparado aos outros chefes totalitários da Europa, sabe-se que Salazar não demonstrava tanta violência face à sociedade, justificando que isso ia contra os princípios da moral cristã e das tradições nacionais do Estado. Como um forte estado autoritário, Portugal identificou-se com os outros estados fascistas no que toca ao antiparlamentarismo, ao antiliberalismo e à antidemocracia. O indivíduo enquanto ser único não tinha qualquer importância se não fosse integrado no Estado colectivo, na Nação. Para Salazar apenas a valorização do poder executivo era o garante de um Estado forte e autoritário, pois diz-nos ele que foi devido às "divisões intestinas" que se davam as "sucessivas revoluções[...]e a desordem constitucional".
Tal como na Itália, a consolidação do Estado Novo passou pelo culto do chefe que fez de Salazar o "salvador da Pátria", contudo com as suas devidas particularidades, ou seja, mostrando-se avesso às multidões e cultivando a discrição, a austeridade e a moralidade, ao contrário de Mussolini que transmitia uma imagem militarista, agressiva e viril.

sábado, 27 de novembro de 2010

A resistência das democracias liberais

A crise de 1929 que teve origem nos EUA, teve impacto não só no território americano mas também foi notório principalmente na Europa, visto que alguns países do continente europeu dependiam economicamente dos EUA. Desta forma, com o fracasso do capitalismo devido ao processo de superprodução, a depressão dos anos 30 abrangeu um grande número de países e revelou as fragilidades deste sistema liberal.
Segundo o economista britânico Keynes, o Estado devia intervir na economia pela sua "política fiscal". A este processo deu-se o nome de intervencionismo que consistia no papel activo do Estado em todas as actividades económicas de forma a evitar os danos provocados pelo liberalismo económico.
A solução que foi tomada pelo novo presidente dos EUA, Franklin  Roosevelt, ficou conhecida sob o nome de New Deal. Esta talvez foi a melhor solução perante as dificuldades económicas do estado americano visto que se baseava muito na agricultura e nos recursos naturais existentes nos EUA. O New Deal consistiu num conjunto de reformas e iniciativas económicas e sociais. Foram tomadas algumas medidas financeiras bastante rigorosas que incluíram o encerramento de instituições bancárias, e estabelecimento de sanções contra os especuladores e a requisição de ouro. Também o dólar não escapou às alterações visto que sofreu uma desvalorização em Abril de 1933 o que fez com que as dívidas externas baixassem e fez subir os preços, fazendo com que houvesse uma inflação controlada que aumentou os lucros das empresas. Insistiu-se num investimento nas obras públicas, tal como nas estradas, nas vias-férreas, aeroportos, habitações e escolas, de forma a criar postos de emprego para descer a taxa de desemprego.( A taxa de desemprego consistia em 1932 em 25% e com a aplicação do New Deal esta desceu 10%).
Por outro lado, o presidente americano apostou e estabeleceu a protecção à agricultura através de empréstimos aos agricultores e de indemnizações que os compensassem  pela redução das áreas cultivadas. Da mesma forma foi estabelecida a protecção à indústria e ao trabalho industrial com a fixação de preços mínimos e máximo controlando por um lado os preços e por outro deixando com que houvesse pequenas concorrências não fugindo muito às características do capitalismo.
Já entre 1935 e 1938, época considerada como a segunda fase do New Deal, esta medida preocupou-se mais com o meio social. Deste modo, reconheceu-se a liberdade sindical e o direito à greve, regularizou-se a reforma por velhice e invalidez, instituiu-se o fundo de desemprego e o auxílio aos pobres, foi estabelecido o salário mínimo e foi reduzido o horário semanal de trabalho( 44h semanais). Todas estas reformas fizeram com que o Governo Federal americano fosse visto como um Estado-Providência, devido aos ideais que seguiu. Mesmo após este conjunto de reformas que não seguiu por completo o keynesianismo, o desemprego  continuo a manifestar-se ( 15%) principalmente entre 1936 e 1939. Roosevelt recorreu a uma planificação parcial da economia, através do estabelecimento dos preços mínimos e máximos e de quotas de produção e tornou o Estado "corporativista" de forma a unir os empresários com os operários de maneira a eliminar a forte concorrência, factor que já era observado na Itália e que destinava-se na abolição das diferenças entre as classes sociais.
Tal como já referi anteriormente, a crise também abalou alguns estados europeus. França foi um dos países que não sentiu esta situação tão profundamente. Contudo, a crise francesa aumentava devido à insistência dos governos em políticas deflacionistas, fazendo com que as classes médias, os agricultores e os operários saíssem prejudicados com as medidas tomadas pelo Estado. Os partidos da esquerda viram-se confrontados com as críticas da parte de grandes ligas nacionalistas que defendiam a implantação de um sistema autoritário como solução para a implantação da ordem social e regularização da situação económica em que o país se encontrava. Desta forma, a democracia francesa via-se ameaçada pelas contestações da direita. As constantes manifestações da extrema-direita fizeram com que em 1934 o Governo radical fosse demitido e fizeram com que se iniciasse uma mobilização dos cidadãos que se convergiu numa coligação de esquerda conhecida como Frente Popular. Esta era constituída por partidários comunistas, socialistas e radicais. Os governos da Frente Popular forneceram um notável impulso à legislação social, na sequência de um movimento grevista caracterizado pelas ocupações das fábricas que afectou a indústria no geral( automóvel, aeronáutica, grandes armazéns, bancos e escritórios). Com a assinatura do "Acordos de Matignon", tal como nos EUA  foram tomadas um conjunto de reformas que consistiram nos contractos de trabalho entre os empregadores e assalariados em que se aceitava a liberdade sindical e se previam aumentos salariais. Também as horas semanais de trabalho sofreram alterações visto que foram reduzidas apenas para 40h semanais. Em Espanha também triunfou uma Frente Popular, apoiada não apenas nos comunistas e socialistas  mas também nos anarquistas e sindicatos operários. Esta tomou medidas semelhantes àquelas que foram tomadas em França, contudo o domínio desta Frente Popular não teve grande êxito por muito tempo visto que viu-se confrontada pelas forças monárquicas, conservadoras e falangistas que se denominavam como Frente Nacional. Este confronto deu origem a vários conflitos entre a República democrática e a tal denominada Frente Nacional, fazendo com que Espanha passasse um períodos de violentas guerras civis.
Enquanto que nos EUA  deu-se a grande crise económica de 1929-30 que abalou violentamente toda a economia americana e europeia( que dependia da americana), na Europa os movimentos de extrema direita iam fazendo frente às democracias liberais dando origem a conflitos políticos e sociais. Na Itália, Alemanha e mesmo em Portugal e Espanha a implantação do fascismo foi inevitável visto que era a única solução vista para a resolução dos problemas de origem económica e política que tanto abalavam estes países e fazia com que a instabilidade tanto política como social aumentasse. Nalguns casos, os líderes fascistas foram eleitos democraticamente( criando um pequeno paradoxo com os princípios de extrema-direita) e noutros estes surgiram devido a golpes contra os sistemas democráticos predominantes. Tendo em consideração que os sistemas governativos autoritários não seguiam princípios democráticos e eram bastante rigorosos no estabelecimento da ordem social pois davam importância à colectividade social e à integração do indivíduo neste grupo e não dava importância ao indivíduo enquanto entidade particular, não podemos ignorar o facto de que a situação económica e o desenvolvimento industrial dos países em questão melhorou e aumentou respectivamente baseadas na agricultura, nas obras públicas e na indústria pesada.

sábado, 13 de novembro de 2010

As opções totalitárias

No início do século XX, o nacionalismo crescia aos poucos e poucos, tendo sido uma das causas da Primeira Guerra Mundial. Também o demoliberalismo tentava instalar-se no território europeu, pretendendo a liberdade e a igualdade entre os indivíduos, visto que o Estado pretendia ser neutro e baseava-se na divisão dos poderes. A própria vitória dos Aliados, pretendia o progresso da democracia na Europa. Contudo, com o passar dos anos '20, o demoliberalismo via-se confrontado por outros movimentos ideológicos e políticos, que viam o Estado como órgão omnipotente e totalitário. Desta forma nascem os sistemas totalitaristas tal como na Rússia, na Alemanha e em Itália. O totalitarismo caracterizava-se como o sistema político que defendia que o poder devia estar nas mãos de uma só pessoa ou partido único, cabendo ao Estado o controlo da vida social e individual.
Recorreu-se a estes sistemas totalitários, visto que viam-se nestes mesmos a solução para as crises económicas provocadas pela democracia liberal. Foi desta forma que surgiu o fascismo italiano e o nazismo alemão.
O sistema totalitário fascista e nazista eram bastante parecidos no que toca à oposição ao liberalismo, à democracia parlamentar e ao socialismo. Ambos defendiam que acima do indivíduo havia um Estado, existia a colectividade e a grandeza da Nação. Tal como já referi, ambos estes sistemas eram totalmente contra o parlamentarismo e desvalorizavam a democracia partidária. Também o socialismo via-se contrariado pelos totalitarismos europeus, pois este defendia a afirmação do indivíduo e não da Nação e da colectividade. O socialismo defendia que o indivíduo devia lutar pela a afirmação da sua classe social. Já o totalitarismo via o enfraquecimento do Estado ao haver uma divisão entre classes. Desta forma concebeu-se um modelo de organização socioeconómica, o corporativismo( caracteriza-se pela aceitação da propriedade privada, contudo estabelece como necessária a  intervenção do Estado), destinado a promover a colaboração entre as classes. Com a instalação do corporativismo, as greves e os lock-out passam a ser proibidos fazendo com que não haja paralisações de trabalho que podiam ter prejuízos na economia.
Tal como o nome indica, o totalitarismo exerceu-se a todos os níveis, político, económico, social e até cultural. A oposição política foi aniquilada por completo, as actividades económicas sofreram uma rigorosa regulamentação, a sociedade viu-se controlada por completo pelo Estado visto que foi proibida a liberdade de expressão e de pensamento.
Os chefes de Estados foram elevados ao nível de heróis, até de deuses, pois eram eles o exemplo a seguir.
Visto que os partidos foram proibidos, existindo apenas um partido as massas basicamente só podiam votar num só partido, fazendo com que os chefes pudessem afirmar que foram escolhidos por sufrágio universal sem recorrer a qualquer solução forçada. Tal como na Itália, também na Alemanha os jovens eram desde cedo educados de maneira a seguirem os ideais predominantes no Estado, desta forma nascem as juventudes Fascistas e Nazis.
Ambas estas potencialidades totalitárias demonstravam um forte racismo e anti-semitismo. Na Alemanha isso foi mais notório, com a exclusão dos judeus não sendo considerados como indivíduos da raça pura, ou seja, da raça ariana, que se caracterizava por vários factores.
Uma boa forma de chamar a atenção e para conseguir a adesão de um maior número possível das massas, foi a propaganda, sendo esta um conjunto de meios destinados a influenciar a opinião pública. A violência e o desrespeito dos direitos humanos também se evidenciou com a criação das polícias políticas que eram obrigadas a controlar toda a sociedade e não denunciar/penalizar qualquer indivíduo que estivesse contra o sistema presente no Estado.
No que toca a questão económica, na Itália e na Alemanha foi instalada uma política intervencionista e nacionalista que ficou conhecida como a autarcia. Esta consistia na auto-suficiência económica apelando-se ao povo trabalhador com o objectivo de fazer desaparecer o desemprego.
Na Itália, o enquadramento das actividades em corporações facilitou-lhe uma certa planificação económica. Desta forma, realizaram-se grandes batalhas de produção. Por exemplo a batalha de trigo permitiu o aumento da produção de cereais e fez diminuir as importações que eram as responsáveis pelo défice comercial. O Estado italiano interveio também na industria tendo assumido o controlo dos volumes das importações e das exportações. Ao ter conquistado a Etiópia, esta passou a explorar intensivamente fontes de energia e de minérios, tentando equilibrar da melhor forma possível a economia do Estado e tentando fazer com que este seja auto-suficiente, que lhe permitia a sua independência económica.
Ao contrário de Mussolini, que apostou mais na agricultura, Hitler investiu mais nos transportes e na indústria pesada. Foram então construídas auto-estradas, pontes e linhas férreas. Destas maneira o desemprego também viu-se abolido aos poucos. As realizações económicas do nazismo renderam-lhe a adesão das massas e mesmo a admiração de países ocidentais.
Podemos afirmar que ambos estes países totalitários, basearam-se nalguns princípios mercantilistas( maior exportação e menor importação) para conseguirem aderir à auto-suficiência.
Já do outro lado, com a morte de Lenine, forte defensor do marxismo e chefe do Partido Comunista, em 1924, sobe ao poder Estaline, que na chefia de Lenine exercia o cargo de secretário-geral do Partido Comunista. Mesmo sendo um suposto defensor do socialismo, Estaline recorreu ao totalitarismo querendo fazer da Rússia a maior potência mundial. Visto que ao aplicar a NEP Lenine abdicou de algumas empresas e permitiu a sua privatização e também abdicou de algumas terras permitindo aos camponeses vender os seus produtos livremente, contudo tendo que entregar uma parte ao Estado, recorrendo parcialmente ao capitalismo, Estaline voltou a nacionalizar todas as terras, por vezes utilizando a força. Contudo, mesmo forçando esta nacionalização das terras, a Rússia consegue aumentar a sua produção.
A economia russa era planificada de 5 em 5 anos, ao contrário da economia capitalista que era liberal e vivia da concorrência. O Estado russo, investiu bastante na indústria pesada tal como o Estado alemão.
Foram equivalentemente importados profissionais estrangeiros para se conseguir a formação de engenheiros e especialistas que viriam a participar no desenvolvimento da indústria.
Vemos como estes 3 estados totalitários foram muito parecidos nos meios utilizados para o desenvolvimento industrial e agrícola que contribuíram para a sua afirmação auto-suficiente, contudo enquanto que na Itália e na Alemanha predominava o capitalismo na Rússia predominava uma economia planeada que consistia na produção de produtos apenas em quantidades necessárias para a sobrevivência do povo.

A grande depressão e o seu impacto social

Sabemos que após o primeiro maior conflito mundial, a América tornou-se a principal potência mundial, visto que a Europa encontrando-se numa situação devastadora perdeu aos poucos a sua hegemonia. Desta maneira, o capitalismo instalou-se basicamente em todo o mundo. A Europa dependia economicamente dos EUA, pois eram estes quem lhe fornecia apoios financeiros para esta conseguir recuperar após a guerra.
Dado que o continente europeu tinha o apoio dos EUA, este aos poucos conseguia desenvolver e recuperar a sua situação económica. Desta maneira, a Europa passa a importar menos produtos vindos da América, mas sem que esta se apercebesse e continuasse a aumentar a produção. Foi desta forma que chegando a 1929 os EUA confrontam-se com uma grave crise de superprodução fazendo com que o dólar perde-se o seu valor por completo e com que todas as acções fossem postas à venda pelos empresários a preços podemos dizer até ridículos, visto que eram bastante baixos em relação ao valor real destas mesmas.
Vivia-se então num clima de Grande Depressão. Já em 1920-21 pode-se dizer que os EUA, tinham tido um "aviso" daquilo que viria a acontecer em 1929.
Um factor que também teve um papel importante no derrube da economia americana, foi a facilitação do crédito, visto que este permitia com que o poder de compra se mantivesse ou aumentasse.
Segundo os estudos feitos, aproximadamente 10 mil bancos fecharam as suas portas de 1929 a 1933. Visto que a economia americana baseava-se essencialmente nos bancos e dados os encerramentos destes, e economia dos EUA viu-se arruinada.
Obviamente que seguiram-se graves consequências. Um grande número de bancos faliram, o desemprego instalou-se, a produção industrial contraiu-se, os preços baixaram drasticamente, as fábricas fecharam, a agricultura foi destruída e os animais foram abatidos. Instalou-se a miséria total por todo o território americano. Os salários sofreram, eles também, um corte drástico. Contudo a grande depressão não atingiu apenas os EUA, tendo em conta que um grande número de países dependia da economia destes. A grande deflação ( caracterizada por uma diminuição dos preços, do investimento e da procura, acompanhada de uma progressão do desemprego) expandiu-se por todo o mundo e todos os países viram-se aflitos ao devolverem as dívidas que tinham para com os americanos visto que estes aumentaram os impostos.
Esta situação ainda se expandiu por alguns anos, fazendo com que a miséria permanecesse durante algum tempo.
Toda este acontecimento ficou conhecido como o Crash da Wall Street, pois foi lá que a catástrofe económica teve o seu início. Este crash levou todo o mundo a uma grande depressão caracterizada pelo desemprego e pelas falências dos bancos e empresas. Desta forma o capitalismo liberal teve o seu primeiro falhanço fazendo com que tivessem sido tomadas e procuradas novas medidas para a regularização da economia americana e mundial.

sábado, 23 de outubro de 2010

Portugal no primeiro pós-guerra

Como já sabemos, após a implantação da República em Portugal, esta teve que enfrentar várias dificuldades, tanto a nível económico como a nível social e político.
Um outro grande factor que contribuiu ainda mais para o agravamento das coisas foi a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Isto aconteceu em 1916, fazendo com que os desequilíbrios económicos e o descontentamento social se acentuassem ainda mais.
Havia uma grande falta de bens de consumo que fazia com que o desespero, principalmente dos estratos mais desfavorecidos aumentasse. O défice da balança comercial crescia cada vez mais, a dívida pública aumentava e desta forma o país continuava a galopar para uma inflação cada vez maior.
Com esta grande crise que se vivia, as classes médias, que tinham apoiado tanto a República, viam-se traídas por esta. Também o operariado ficava cada vez mais descontente, provocando desta forma graves agitações sociais.
Como já tinha referido, com a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, a instabilidade política agravou, pois já antes da entrada para a guerra o país estava ameaçado por uma ditadura militar.Com a dita ditadura, Sidónio Pais destituiu o presidente da República e dissolveu o Congresso fazendo-se eleger presidente por eleições directas em 1918. Este apoiou-se principalmente nos monárquicos, dizendo-se como o fundador de uma Nova República. Este não esteve muito tempo no poder, tendo sido assassinado em Dezembro de 1918. Com a morte de Sidónio Pais e com o fim do sidonismo ( foi assim que ficou denominada a época em que este esteve no poder), houve uma guerra civil em Lisboa e no Norte do país, que fez com que os monárquicos se aproveitassem e ensaiassem uma dita "Monarquia do Norte" proclamada na cidade do Porto. Em Março de 1919, parecia-se que o funcionamento democrático das instituições regressou, porém este estava bastante instável, visto que havia uma divisão entre os republicanos que se agravou, as maiorias parlamentares jamais se verificaram. A esta instabilidade política juntava-se também actos de violência, que faziam com que a situação agravasse ainda mais e a instabilidade social e política aumentasse.
Desta forma notou-se o grande fracasso da República que fez com que a oposição se reorganizasse. Como consequência, os grandes proprietários e capitalistas criaram em 1922, a Confederação Patronal, que mais tarde se transformou em União dos Interesses Económicos. Também as classes médias apoiaram um governo forte que poderia vir a salvar a sua situação económica.
Como Portugal não tinha bases democráticas fortes e além disso, como se encontrava numa profunda crise socioeconómica, tornou-se um país facilmente dominante pelo autoritarismo. Como consequência, a Primeira República portuguesa caiu em 28 de Maio de 1926, após um golpe militar e sem qualquer apoio a não ser do Partido Democrático e dos sindicalistas.
O poder viria a cair nas mãos dos católicos e dos neo-sidonistas, o nome que este grupo viria a adquirir, liderados pelo general Carmona.
Vimos então que a Primeira República portuguesa teve imensas dificuldades para enfrentar, e não tinha muitos meios para o fazer. Foram estes motivos que levaram para o fracasso desta e para a instalação do autoritarismo em Portugal. Se não fosse a Primeira Guerra, talvez a Primeira República tivesse sobrevivido e continuado a luta contra todas as dificuldades pós-revolucionárias.

Mutações nos comportamentos e na Cultura

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, houve uma notória mudança nos comportamentos e mesmo a nível cultural. Foi notória também uma grande urbanização que fazia das cidades o principal centro cultural e social dos países. Com o desenvolvimento das cidades, ou melhor, com o crescimento demográfico a nível urbano, o próprio indivíduo deixa de ter tanta importância e passa a ser apenas "mais um". Começou-se a dar mais importância aos lazeres e ao consumo, fazendo com que surgisse uma nova cultura baseada nas distracções.
A convivência entre os sexos passou a ser mais livre e até podemos dizer que passou a ser sem preconceitos, dado que a mulher passou a ser mais observada e conseguiu livrar-se do domínio masculino. Esta começou a visitar clubes nocturnos, começou a fumar, a beber, cortou o cabelo, diminuiu a saia, entre muitas outras coisas. Desta forma a mulher começou a ser encarada como um verdadeiro ser social activo.
Também foi notório o desenvolvimento do gosto pelo desporto e pelos meios de transporte industrializados, principalmente pelo automóvel. Desta maneira, as classes médias foram a principal marca da modernidade nas primeiras décadas do século XX.
A brutalidade da guerra, fez com que todos os valores morais e sociais desaparecessem fazendo com que se instalasse um clima de relativismo, ou seja, tudo aquilo que antes era basicamente uma obrigação de um individuo evaporou-se com o fim da Primeira Guerra. Valores como por exemplo, o casamento, a família, o papel da mulher, que irei falar mais à frente, os preceitos religiosos, tudo isto desapareceu com o choque da guerra e podemos dizer que vivia-se um clima de crise de consciência. Foi este relativismo de valores que fez com que as mudanças acelerassem ainda mais.
Falaremos então da emancipação feminina. Como já tinha referido, a mulher teve um grande impacto na sociedade a partir do início do século XX. Principalmente depois da Primeira Guerra Mundial, esta teve a oportunidade de ser afirmar como ser social activo, como já tinha dito. E como é que ela o fez? Um dos meios que a mulher utilizou para se afirmar foi a participação na vida política, ou seja, nos vários países europeus, esta foi ganhando cada vez mais o direito de votar. Em Portugal, temos o exemplo de uma grande mulher que teve uma importância enorme para a sociedade feminina, que foi Ana de Castro Osório. Esta organizou várias organizações e associações para apoiar as mulheres portuguesas.
Tal como a mulher começou e ela a trabalhar, esta viu-se cada vez menos dependente do Homem, visto que agora podia também sustentar-se a si própria e aos seus filhos, se fosse o caso.
Foi desta forma que a mulher mostrou a toda a sociedade masculina o seu valor social.
Uma outra consequência da guerra, a nível cultural e social, foi a mudança do pensamento, ou seja, passou-se de um pensamento absolutista para um pensamento relativista. E o que é que isto quer dizer? Quer isto dizer que até o início da Primeira Guerra Mundial, as pessoas regiam-se segundo várias leis, tradições, costumes, religiões e muitos outros padrões culturais e sociais e além disso acreditava-se numa verdade absoluta, porém após o fim da guerra, todos estes padrões desapareceram e no lugar da dita verdade absoluta apareceu o relativismo. Este defendia a impossibilidade do conhecimento absoluto e defende que todo o conhecimento depende do espaço, tempo e meio onde este se desenvolve. Um grande cientista da época foi Einstein, considerado o "génio" do século XX.
A questão de o ser humano ser totalmente racional também foi estudada, neste caso pelo Freud. Este chegou à conclusão de que a mente humana não é totalmente racional, mas tem uma zona que é obscura, a que Freud deu o nome de inconsciente. Esta ciência ficou conhecida sob o nome de psicanálise.
Vimos como a Primeira Guerra Mundial teve um forte impacto e nos valores humanos, tendo "apagado" tudo aquilo que existiu e tendo contribuído para a aparição de novas culturas e novos valores sociais. Estes foram devidamente notórios nos comportamentos dos indivíduos, tendo estes mudado as sociedades. Houve um notório crescimento da urbanização que fez com que o indivíduo perde-se uma grande parte do seu valor que lhe era atribuído e fazendo parte de um grande palco onde este era e ainda hoje é, apenas mais um figurante.

domingo, 3 de outubro de 2010

A regressão do demoliberalismo

No período após-guerra, a Europa encontrava-se numa situação extremamente difícil, tanto a nível económico como a nível social. Porém, o principal problema continuava a ser a grave situação económica que se mantinha firme e não permitia o desenvolvimento dos países europeus.
Inúmeras greves e manifestações eram organizadas pelos operários europeus, que se baseavam no sistema predominante na Rússia, e que pensavam que os seus países deviam seguir para um melhor funcionamento da sociedade.
Mesmo havendo países europeus, onde predominava o capitalismo, que estavam contra a Rússia e contra o seu sistema, esta segunda potência nascente continuava a querer expandir o comunismo por todo o mundo, ou seja, estes pretendiam com que nascessem revoluções socialistas no território europeu.
Os partidos socialistas e sociais-democratas da Europa, que quisessem seguir o mesmo rumo que o Partido Comunista na Rússia, eram obrigados a libertarem-se das tendências reformistas-revisionistas, anarquistas e pequeno-burguesas e deviam apoiar o bolchevismo e o centralismo democrático. Só desta maneira estes partidos poderiam vir a ter o nome de partidos comunistas.
Devido a estes acontecimentos, em todos os países europeus, se não todos, a maioria, sofreu alterações a nível social e político.
Na Alemanha, por exemplo, os operários, os soldados e marinheiros reuniram-se em conselhos, inspirados no modelo russo. Graves conflitos a nível nacional surgiram e no território alemão. A facção de extrema-esquerda do partido social-democrata enfrentava a República parlamentar de Weimar. Os revolucionários proclamaram em Berlim uma república socialista, e mais tarde fundaram o Partido Comunista alemão. A fundação deste partido fez com que as forças leais ao Governo executassem os chefes do movimento comunista. Porém, alguns meses depois, os operários e os chamados comunistas voltaram a mostrar o seu descontentamento através de novas manifestações.
Basicamente a mesma situação viu-se na Hungria. Devido à pressão interna e externa o comunismo não conseguiu desenvolver-se o suficiente e o seu líder retirou-se em Agosto de 1919.
Na Itália também podia observar-se o mesmo cenário, tal como na França e Grã-Bretanha.
Uma solução prevista para a resolução deste problema a nível de todo o território europeu foi a recorrência ao autoritarismo. Para a burguesia financeira e mesmo para os pequeno-burgueses e classes médias, que estavam afectados pela enorme inflação que lhes roubava o poder de compra, a instalação do regime autoritário era a única solução para o melhoramento da economia nacional e para a paz e dignidade do país e do povo.
Foi assim que surgiram os primeiros movimentos autoritários, conservadores e nacionalistas, principalmente onde a democracia liberal não dispunha de bases suficientemente fortes.
Desta forma, na Itália, surge Mussolini, que ao organizar a Marcha sobre Roma, obrigou o rei italiano a nomeá-lo chefe do Executivo. Foi aí que Mussolini instalou no território italiano a sua ditadura conhecida como fascismo. Para o chefe italiano, o Estado representava "...a colectividade nacional...".
Tal como na Itália, nos outros países europeus como a Espanha, Hungria,Bulgária,Grécia,Portugal, Polónia, Áustria e outros foi implantado um governo autoritário.
Na Alemanha com o aparecimento de Hitler, também foram grandes as mudanças, pois pouco tempo mais tarde surgiu o nazismo, que foi a ditadura da direita mais trágica alguma vez conhecida.
Devido a todas estas mudanças, notou-se obviamente a regressão do demoliberalismo e a implantação do autoritarismo como solução para a resolução dos problemas existentes a nível europeu.

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia

No ano de 1917, quando se deu a primeira revolução na Rússia, ainda governava o czar Nicolau II. Durante a sua governação o povo viveu nas piores condições, pois no Império dominava a fome e a miséria.
Como consequência no território russo tinham lugar inúmeras tensões sociais e até políticas. Os camponeses, os operários e até a burguesia e a nobreza liberal estavam empenhados em retirar todo o poder ao czar.
Além das condições más em que o,ainda, Império Russo se encontrava, este foi-se envolver na Primeira Guerra Mundial, que teve consequências devastadoras para todo o Império. Claramente, o descontentamento do povo aumentava cada vez mais. Liberais e socialistas denunciavam a incompetência do czar e dos seus ministros, querendo pôr fim à sua governação e ao Império.
Foi em Fevereiro de 1917 que as mulheres, acompanhadas dos operários manifestaram-se na capital do império, Petrogrado, com o objectivo de derrubar o czar. Foi então que os operários se juntaram numa assembleia, denominada Soviete.
O czar porém não queria abdicar do seu poder, "No dia da minha coroação, jurei o poder absoluto.", disse o rei quando o grão-duque pediu ao Nicolau II que este concedesse uma Constituição.
Obviamente que o povo ficou ainda mais agitado com as decisões do czar e desta maneira, sem qualquer apoio, este abdicou dos seus poderes a 2 de Março, pondo fim ao Império Russo.
No poder, ficou o Governo Provisório que estava empenhado na instauração de uma democracia parlamentar e que não retirou o país da guerra com o pensamento de ainda ter possibilidades de ganhar este conflito que tanto abalou a Rússia.
Do outro lado por todo o país os operários, os camponeses, os soldados e marinheiros juntavam-se em aos sovietes e tinham como objectivo o afastamento do Governo Provisório do poder, a retirada do país da guerra e a confiscação das propriedades.
Com o desenlace desta situação por todo o país, Lenine, defensor do marxismo, tomou a dianteira, fazendo-se reconhecido pela sua teoria, por todo o mundo.
Em 1918, explode um conflito a nível nacional, conhecido como A Guerra Civil Russa. Neste conflito armado participaram os bolcheviques, conhecidos como Os Guardas Vermelhos e entre os opositores ao bolchevismo, conhecidos como o exército branco, formado na maioria pelos burgueses e apoiado pelos corpos expedicionários da Inglaterra, França, EUA e Japão.
Após conflitos consecutivos Os Guardas Vermelhos acabaram por ganhar esta guerra civil.
Lenine defendia que para a construção de uma sociedade socialista, era necessário implementar, primeiramente, a ditadura do proletariado que devia possibilitar a supressão do Estado e eliminar a desigualdade social. Diz-nos Lenine que "...somente na sociedade comunista[...] que os capitalistas desaparecem e as classes também[...]e é então que o Estado cessa a sua existência e que se torna possível falar de liberdade."
Com a subida do Lenine ao poder, como chefe dos bolcheviques, toda a economia do país foi nacionalizada, ou seja, já não havia qualquer propriedade privada. Era ao Estado que competia a distribuição de bens, igualmente para todos. Para Lenine o Estado era o próprio povo, pois desta forma formavam a sociedade perfeita.
A dita ditadura do proletariado transformou-se na ditadura do Partido Comunista, era assim que passou a designar-se o Partido Bolchevista. Foram proibidos todos os partidos com excepção ao Partido Comunista, e desta maneira o poder era apenas do partido único.
Porém, com o desenlace da Guerra Civil o descontentamento dos camponeses aumentou, dado que estes eram obrigados a fornecer alimentos para as cidades e não podiam vendê-los para conseguir sustentar as suas próprias famílias.
A economia do país estava bastante enfraquecida devido ao facto de não existir concorrência entre os vendedores, dado que era o Estado que impunha os preços dos produtos, sendo estes todos iguais. Sem concorrência, a economia do país desenvolvia-se muito dificilmente levando desta forma a uma nova instalação da miséria.
Desde 1922, a Rússia, como fundadora, uniu-se com os países vizinhos e independentes e formaram  a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas( URSS). Todos estes países dispunham de uma Constituição e todos tinham os mesmos direitos, porém dispunham de uma certa autonomia.
Falava-se na altura de um centralismo democrático, que consistia no seguinte, todo o poder provinha da base, ou seja, dos sovietes, que eram escolhidos por sufrágio universal.Para melhor perceber o esquema do centralismo democrático, veja a página 19 do livro "O tempo da história,12º ano".
Ao aperceber-se das dificuldades que a economia nacional enfrentava, Lenine apelou a alguns princípios do capitalismo, pois só assim poderia resolver o problema presente no país. Desta forma, o Estado permite a desnacionalização das pequenas empresas que por sua vez permitiram a renascimento da pequena burguesia. Como consequência, o capitalismo privado permitiu o desenvolvimento do socialismo. Contudo, a "...indústria pesada[...]e os transportes..." continuavam sob o domínio do proletariado. Esta nova medida ficou conhecida como a Nova Política Económica (NEP).
 

sábado, 25 de setembro de 2010

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia: a construção do modelo soviético

No ano de 1917 a Rússia ainda era um Império, chefiado pelo czar Nicolau II. Porém já desde há alguns anos que o povo tentava organizar uma revolução com o objectivo de retirar o czar do poder. A primeira tentativa teve lugar em Sampetersburgo, no ano de 1905. Foi uma tentativa falhada, dado que as tropas do czar foram mandadas disparar contra a mulidão que se tinha juntado em frente ao Palácio de Inverno. Houve inúmeros mortos e esse dia ficou conhecido como "O Domingo Sangrento".
Já em 1917 o, ainda, Império, vivia num ambiente de constantes tensões sociais e políticas. Os camponeses, tal como os operários e mesmo a burguesia e a nobreza liberal estavam descontentes com as incompetências do czar.O povo vivia numa situação extremamente difícil, pois não tinha quaisquer condições para a sobrevivência e os preços do pão subiam cada vez mais. Estes desejavam que o czar "concedesse uma Constituição", a qual o czar recusou. Foi aí que começaram as grandes manifestações e greves da parte dos camponeses e dos operários. Estes últimos, reuniram-se numa assembleia popular que era denominada como o "Soviete", com o objectivo de retirar o czar do poder. A dada altura os próprios militares que foram mandados para acalmar a multidão juntaram-se aos manifestantes e encorajaram-nos. Ao aperceber-se da gravidade da situação, o czar abdicou dos seus poderes e desta forma o Império Rússo viu o seu fim.
Foi instalado um Governo Provisório que estava empenhado na instauração de uma democracia parlamentar, mas que por outro lado não retirou o país da guerra( Primeira Guerra Mundial).
Aproveitando-se da situação, surge um grande apoiante do povo, o Lenine. Lenine era um grande defensor do marxismo e assim tornou-se chefe dos bolcheviques. Este não queria de maneira nenhuma apoiar o Governo Provisório, pois queria um governo revolucionário. Lenine defendia que toda a produção social devia ser controlada pelos próprios operários. Foi Lenine o fundador do comunismo, e o seu objectivo era que este sistema tomasse uma iniciativa internacional.

A difícil recuperação económica da Europa

Com o fim do conflito( a Primeira Guerra Mundial), a Europa encontrava-se completamente arruinada, pois teve imensas perdas tanto a nível material como a nível demográfico.
O seu principal apoio, eram os EUA, dado que estes ajudaram bastante o continente europeu a recuperar depois de uma fase devastadora. Desta forma, a Europa, acumulou uma imensa quantidade de dívidas para com os americanos, pois a situação económica do continente estava com grandes dificuldades em melhorar.
Contudo, devido à circulação de uma grande quantidade de moeda e por outro lado de uma produção que estava muito atrasada, provocou-se uma desvalorização monetária, e desta maneira deu-se uma grande subida dos preços.
Como consequência, em 1920, na Europa, instalou-se uma inflação crescente.
"A procura acrescida e a influência monetária explicam a alta dos preços...", diz Henri Morsel na sua obra "Histoire économique et sociale du monde". 
Apenas nos EUA a massa monetária tinha relação com a reserva de ouro que estes gurdavam nos seus bancos. Por essa razão, estes decidiram ajudar o continente europeu que estava numa situação gravíssima. Os EUA emprestavam dinheiro à Europa, porém esta depois tinha que pagar juros, e desta forma os americanos ficavam a ganhar. Porém, ao ajudar a Europa a desenvolver-se, a América não observou que havia uma menor necessidade da parte dos europeus de importar valores materiais, ou seja, os estes não notaram que começou a diminuir a procura externa e continuaram a produzir em grandes quantidades, que a dada altura os levou a uma crise( 1920-21) violenta, mas que ultrapassaram rapidamente.
Após terem ultrapassado a breve crise, os EUA continuaram a emprestar dinheiro aos vários países da Europa, tal como à Alemanha,para esta pagar as suas dívidas para com os países vencedores da Primeira Guerra(França e Inglaterra) que por sua vez ficavam em dívida com a América.
Como consequência instalou-se a nível mundial o capitalismo liberal controlado pela primeira potência mundial(EUA).

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Sociedade das Nações(SDN)

A SDN entrou em vigor a partir de 1 Janeiro de 1920. Esta era destinada a melhorar a cooperação entre os povos, a promover o desarmamento e a resolver os litígios de forma pacífica. A sua sede foi fixada em Genebra. Contudo, nem todos os estados acederam à SDN mas apenas nove que formaram o Conselho, que estava encarregado de gerir os conflitos que ameaçassem a paz. Foi também criado o Secretariado, o Tribunal Internacional de Justiça, o Banco Internacional, a Organização Internacional do Trabalho e a Comissão Permanente dos Mandatos. Nem a Alemanha, nem a Rússia Soviética foram chamadas a colaborar na SDN dado que a Alemanha era acusada de ter sido responsável pela guerra e a Rússia vivia num sistema socialista que pretendia espalhar por todo o território europeu. A Rússia tinha-se tornado um obstáculo para a Europa  e desta forma a Alemanha foi deixada em esquecimento. O país aproveitou a dada situação para recuperar da situação miserável em que se encotrava  e desta forma se desenvolveu, mais tarde, o sistema Nacional-Socialista, com Adolfo Hitler como chanceler. Por outro lado, a SDN não resultou também porque não teve a aprovação dos EUA pois estes queriam proteger-se politica e economicamente.

As transformações das primeiras décadas do século XX

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, no dia 11 de Novembro de 1918, seguiram-se consequências que mudaram para sempre o rumo da história da Humanidade.
Após o fim da guerra, teve lugar a Conferência de Paz, em Janeiro de 1919, em Paris, onde apenas compareceram os países vencedores. A mensagem constituida por 14 pontos, do presidente dos EUA, serviu de base para as negociações. Obviamente, esta mensagem continha dados pontos onde as vantagens que a América iria tirar em seu proveito eram descritas, porém de uma forma "indirecta".
Apesar da dificuldade em obter consensos, surgiram os acordos de paz a partir de 1919. Um destes é conhecido como o Tratado de Versalhes onde a Alemanha, país derrotado, é basicamente excluida do territorio europeu, ou seja, são-lhe impostas tantas obrigações e penalizações face aos países vencedores que esta facilmente chegara ao ponto de total miséria.
Após este acontecimento a nível mundial, uma nova geografia política aparecerá. Foram criadas novas fronteiras entre os países, muitos destes ganharam a sua independência( tal como a Áustria, a Hungria, a Finlândia, entre muitos outros). Já os países vencedores ganham novos territórios que rapidamente serão utilizados por estes em seu proveito.
Tal como já referi, a Alemanha foi o país que mais sofreu as consequências da guerra, pois foi considerada responsável por este conflito. Esta teve que aguentar, por assim dizer, com as penalizações que lhe foram impostas. Estas penalizações eram extremamente a nível financeiro, ou seja, a Alemanha era obrigada a pagar todos os prejuízos causados e todos os estragos feitos nos territórios vizinhos.
Com isto tudo, a partir de 1920, a principal potência mundial tornam-se os EUA, onde dominava o sistema capitalista. Foi esta que emprestou fontes financeiras à Alemanha e à Inglaterra(que por sua vez emprestou aos franceses) para que estes podessem melhorar a situação devastadora presente em cada um destes países.