Powered By Blogger

domingo, 20 de março de 2011

Portugal: do autoritarismo à democracia

Tal como aconteceu com o mundo inteiro, Portugal, ficou abalado com o desenrolar da Segunda Guerra, factor que trouxe todo um conjunto de modificações para o país. Contudo, tendo sido um país neutro neste conflito, Portugal conseguiu manter o seu regime autoritário intocável durante um certo período, apesar de alguns sobressaltos que vieram a destabilizar parcialmente a ordem no país.
Como tem sido notório, após o final da guerra, surge no território europeu um vasto conjunto de países que optaram pelo regime democrático como modelo político, factor que de certo modo pressionava e jogava com a política portuguesa. E de que modo tal facto acontecia? Foi precisamente após o final da guerra que a politica portuguesa teve de enfrentar algumas dificuldades que surgiam do estrato superior, ou seja, com a afirmação de um grande número de modelos democráticos, por toda a Europa, Portugal era o único país que ainda se regia por um regime totalmente autoritário, sentindo-se este altamente pressionado politicamente. Desta forma, o Estado Novo via-se cada vez mais enfraquecido, mesmo após uma tentativa de abertura "democrática" para o exterior, que na realidade não passou de uma grande fraude.
Portanto, mesmo após todas as transformações notórias a nível mundial, a economia portuguesa continuava a apostar na agricultura como principal meio de produção, o que fazia com que o país continuasse a viver num clima de pobreza e ao mesmo tempo continuando a ser um país agrário. Mesmo após uma parcial aposta na indústria e nas obras públicas, o país não conseguiu atingir a média europeia, continuando deste modo fracamente desenvolvido o que permitia cada vez mais a evidenciação da oposição ao regime salazarista. Foi assim, que Portugal viveu num clima de tensão devido à tal dita abertura democrática para o exterior, que na realidade apenas se limitou a designar-se de tal maneira, visto que a dita democracia apenas consistiu na permissão pelo Estado Novo de eleições democráticas, acabando estas também por ser uma estratégia salazarista contra os seus opositores. Portanto, após a revisão constitucional de 1945, surgem em Portugal um conjunto de forças de oposição ao regime, forças essas de carácter democrático que ficaram conhecidas como MUD( Movimento de Unidade Democrática), conseguindo esta cada vez mais aderentes. Contudo após um conjunto de exigência feitas ao governo português, a MUD acabou por desistir mesmo antes das eleições, tendo em conta que o governo não concordou com qualquer das exigências apresentadas pelo Movimento Democrático. Mas por outro lado, o mesmo governo decidiu pôr em prática a sua estratégia cirurgica, que se baseou na interrogação de um grande conjunto de aderentes à própria MUD e mesmo no apresionamento ou despedimento dos postos de trabalho de muitos indivíduos que igualmente pertenciam à lista de apoiantes do Movimento Democrático.
Mas mesmo quando o regime salazarista pensava que tinha tudo controlado, um novo factor atravessa a "prosperidade" da ordem no país. E esse factor denomina-se NATO, organização de origem capitalista criada com finalidades defensivas devido ao surgimento de um conflito ideológico mútuo( conhecido como Guerra Fria), de que Portugal se torna membro no ano de 1949. A adesão de Portugal à NATO, permite com que as forças externas possam exercer uma maior pressão sobre o regime salazarista, mas por outro lado permite a sua existência pois este estava igualmente numa constante luta contra a ideologia comunista, ameaça vinda do bloco soviético. Baseando-se então na entrada do país na NATO, as forças oposicionistas voltam a ter oportunidade de lançarem as suas teias democráticas pelo povo. Contudo, foi só em 1958, com a candidatura do general Humberto Delgado, que se verificou uma forte mobilização e adesão à sua campanha eleitoral. Mas obviamente que o governo não podia permitir tais aconteciementos, acabando por exilar o general Delgado, que mesmo fora do país continuava a sua luta contra o regime, e denominar Américo Tomás presidente da República com aproximadamente 75% dos votos( a maioria deles falsificados).
Mas apesar desta núvem de instabilidade e oposição política que sobrevoava Portugal, outros acontecimentos se desenrolavam, desta vez a nível social, relacionando-se principalmente com a forte vaga de emigração que se verificou durante várias décadas e com a urbanização que igualmente via-se cada vez mais fortalecida. Portanto, em relação à emigração, verificou-se um grande número de movimentos para o exterior do país, grande parte para a França, causando uma instabilidade e um enfraquecimento demográfico em Portugal, quer nas cidades, quer nos espaços rurais, sendo os principais factores da emigração portuguesa, o grande atraso industrial do país que se relacionava por sua vez com a atracção pelos altos salários do estrangeiro e a segunda razão foi o início da guerra colonial que assustava o povo português que ao sair do país( principalmente os homens) evitavam o seu recrutamento para os campos de guerra em África. Mas por outro lado, a emigração portuguesa era vista como um factor de prosperidade para a economia portuguesa, visto que grande parte de lucros estrangeiros faziam-se cicular no território português, pois muitos familiares imigrantes mandavam uma parte dos seus vencimentos para os familiares cá deixados.
Por outro lado, com o início da guerra colonial, o ensino torna-se cada vez mais exigente, de modo que quem não correspondesse às expectativas do governo era automaticamente recrutado para a guerra.
Um outro factor social, que se observou principalmente nas décadas de 50 e 60, foi a intensa urbanização, que fez com que as grandes cidades absorvessem um grande número de indivíduos com habitação nos meios rurais. Foram as grandes cidades que acolheram todos os que nelas encontravam um futuro com mais sucesso e condições, pois era nestas que a indústria( mesmo pouco evoluída) se desenvolvia aos poucos e poucos, podendo ofercer um maior número de empregos, mesmo para indivíduos sem qualquer formação académica.
É neste clima, de sucessivas oposições ao regime por parte dos movimentos democráticos, que Portugal continua a ser dos únicos países onde o regime autoritário, mesmo enfrentando um conjunto de restrições que dificultam o seu funcionamento, enfraquecendo constantemente o governo e o regime do Estado Novo, continua a manter-se na frente do país não permitindo a sua evolução a nível industrial nem político. É na mesma altura que se verifica uma forte vaga de emigração, que mesmo tendo sido vista negativamente ao início, acabou por favorecer economicamente o país que permitiu a circulação de moeda vinda do exterior, mas mesmo assim não resolvendo os problemas que davam fruto às oposições e desconfianças surgidas nas respectivas épocas. Sucessivamente, dá-se o início da guerra colonial, factor esse, que nada favoreceu o regime autoritário que caiu em 1974 tendo como uma das razões a provocação de tal conflito.

domingo, 13 de março de 2011

A segunda vaga de descolonizações e a crise dos anos '70

Ultrapassado o período de guerra, o velho continente europeu sentia uma forte necessidade de renascer tanto a nível político como económico-social. Logo em 1946, o primeiro-ministro britânico, num dos seus discursos, anuncia o seu desejo de contribuir para a unificação diplomática entre os países da Europa, apelando, com uma certa margem de desconfiança, até às duas potências mundiais que se encontravam num conflito ideológico mútuo( EUA e URSS). Prosseguiu-se à criação de uma rede de organizações europeístas como sendo um rascunho da unificação pretendida por W.Churchill. Contudo, as dificuldades em chegar a um senso comum em relação às questões relacionadas com um sistema político que fosse aceite pelos membros da pretendida união fizeram-se sentir. Por um lado pretendia-se uma Europa federalista, ou seja, onde os membros têm direito a uma autonomia interna, mas não tendo qualquer direito em expressar-se sobre questões meramente internacionais. Por outro lado optava-se por uma confederação de estados independentes, pois os nacionalismos enraizados dificilmente eram ultrapassados.
No seu discurso de 1946, Churchill, ao referir-se a uma possível união dos países europeus, tinha em conta como base a cultura europeia que tem vindo a ser destruída desde 1914 com o impacto da Primeira Guerra Mundial e continuou a ser afundada com a Segunda Guerra. Mas o facto é que a primeira união baseada em relações meramente diplomáticas, surgiu entre a França e a Alemanha e não se relacionaram de modo algum com a cultura mas apenas revelaram a necessidade de uma cooperação económica de origem capitalista. Deste modo, em 1951 surge a CECA - Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - que até 1957 tem vindo a expandir-se de forma igualitária por países como a Itália, Holanda, Luxemburgo e Bélgica, dando no mesmo ano de '57 origem à CEE( Comunidade Económica Europeia) sendo esta formalmente descrita no Tratado de Roma de 1957. A CEE pode ser considerada como o ponto de partida para a unificação de todos os países que actualmente fazem parte da União Europeia. Um factor que foi fulcral no crescimento económico-político europeu foi a união aduaneira, que consiste na livre circulação de mercadorias e que permitiu o forte crescimento económico numa média anual de 5%. Desta maneira a União Europeia tem vindo  a crescer como potência económica mundialmente reconhecida e ao mesmo tempo tem vindo a demonstrar uma política saudável e próspera para o desenvolvimento dos seus membros enquanto entidades politico-económico-sociais. 
Mas ao mesmo tempo que uma nova Europa economicamente enfortecida ergue o seu caminho para uma total prosperidade económica, política e social, uma vaga de descontentamento, por parte das colónias sob a égide dos países europeus, surge, tendo como objectivo a descolonização imediata e o alcance da independência a que esses países colonizados tinham direito, segundo a ONU. Praticamente todos os países-metrópoles viram-se forçados a abandonarem o domínio sobre os países anteriormente por si colonizados, com o risco de serem eliminados do próprio organismo das Nações Unidas em caso de não cumprimento do direito à autodeterminação e independência dos povos, com excepção a Portugal, país ainda regido por uma regime autoritário, que escavou uma guerra entre si e as suas colónias o que fez com que o regime do Estado Novo fosse fortemente criticado e pressionado internacionalmente vendo-se cada vez mais enfraquecido. 
Deste modo, os países africanos com o apoio da ONU conseguiram pegar a sua independência e o seu direito à autodeterminação. Contudo, afrontaram-se com um conjunto amplo de dificuldades, tendo que recorrer a ajudas externas, principalmente tendo que recorrer às duas potências mundiais que ideologicamente se opunham, sendo estas a URSS( o comunismo soviético) e os EUA( o capitalismo ocidental). Por outro lado, tanto os EUA como a URSS pretendiam expandir a sua ideologia e apoderando-se das dificuldades ultrapassadas pelos novos países africanos adquiriram novos aliados ideológicos. 
Mas mesmo concretizando-se como países independentes, as entidades africanas não conseguiram, nem até aos dias actuais, o desenvolvimento pretendido, sendo vistos como um "Terceiro Mundo" que apenas servia de exploração para os grandes extremos políticos e económicos que dominavam o mundo.
Porém, a partir do início dos anos '70 o mundo assiste ao surgimento de uma crise económica que afecta principalmente os estados ocidentais com bases capitalistas, pois foi nessas mesmas entidades territoriais, onde a indústria predominava, que se registou um crescimento praticamente nulo do PIB anual, afectando tal acontecimento o funcionamento das empresas que se viram obrigadas a fecharem dando origem por sua vez ao desemprego. A inflação é o fenómeno mais evidenciado e observado, pois chegou a ultrapassar os 10% criando um clima de total estagnação económica. Contudo, as principais razões da explosão inesperada desta crise tiveram as suas raízes nos conflitos com os países do Médio Oriente, principais fornecedores de petróleo, a energia natural mais utilizada, e na instabilidade monetária que se deveu à excessiva quantidade de moeda posta em circulação( principalmente o dólar).
O lado positivo desta crise é que mesmo sendo inesperada e preocupante para os países capitalistas não afectou o mantimento do crescimento, embora mais lento, que não permitiu a entrada numa balança negativa que poderia ter sido fatal para o sistema capitalista. O Estado-Providência também contribuiu para que a Grande Depressão dos anos '30 não se repetisse, reforçando o sistema de combate ao desemprego de modo a evitar situações de miséria.
Portanto, como se tem vindo a notar, após o fim da guerra, o mundo, mesmo vivendo sob um clima de tensão devido à Guerra Fria que eclodiu entre as ideologias capitalista e socialista, conseguiu superar as dificuldades económicas e conseguiu adaptar um sistema político com bases democráticas de modo a garantir a paz mundial e a cooperação entre todos os países, surgindo assim a União Europeia, em 1957, e uma rede de novas entidades independentes africanas, antigas colónias das metrópoles europeias. Mas por outro lado, após um próspero crescimento económico, nos anos '70 presenciou-se a uma quebra no aumento produtivo, mas que não teve impactos fatais para o sistema capitalista, que conseguiu de uma forma flexível adaptar-se às situações e evitando desta forma uma nova depressão que desta vez poderia ter tido uma dimensão ainda mais generalizada.

domingo, 6 de março de 2011

O grande crescimento japonês e a afirmação chinesa

Até ao final do segundo grande conflito mundial, Japão, país territorialmente pequeno e dividido( era formado por várias ilhas) e economicamente bastante pobre, devido à pouquíssima quantidade de riquezas naturais, vivia num regime de Monarquia Absoluta, acontecimento que já não se observava no mundo ocidental.
Contudo em 1946, precisamente após um ano do final da guerra e sendo Japão um dos países derrotados, visto que durante o conflito este assinou um pacto de amizade com a Alemanha Nazi, é aprovada uma constituição que teria sido o símbolo da passagem de um regime absoluto para um regime constitucional, onde o imperador perde grande parte dos seus poderes, ficando apenas com a função representativa. É na mesma constituição de 1946 que o governo japonês descreve a sua vontade da desmilitarização do país e do não mantimento de qualquer base militar com fins ofensivos. Todavia, toda esta mudança presenciada no território japonês, foi influenciada pela intervenção activa dos EUA que tinham começado uma forte resistência à ideologia comunista que ameaçava o mundo, e ajudando Japão a reconstruir-se economicamente e politicamente estes reforçavam a sua resistência ao comunismo.
Por outro lado, um factor que também foi fulcral no crescimento do Japão, foi o grande empenhamento do governo japonês, que com a ajuda do Ministério Internacional do Comércio e da Indústria, conseguiu fortificar as suas relações com os grandes grupos económicos, intervindo o Estado activamente na manutenção da economia. Para além disso, descendo o investimento nas despesas militares, chegando estas a ocuparem apenas 1% do PNB, o país conseguiu atribuir grandes investimentos públicos para o sector produtivo, fomentando a sua economia.Contudo, o grande crescimento económico do país deveu-se em grande parte ao esforço e ao espírito de sacrifício do povo nipónico. Deste modo, os trabalhadores mantinham grandes relações com a administração das empresas factor que possibilitava o bom ambiente vivido e o esforço dos trabalhadores que chegavam a viver dentro dos espaços empresariais oferecidos pelas próprias empresas de modo a que estes vivessem apenas para o trabalho e de modo a contribuírem para o forte desenvolvimento nacional. Com a aposta na industrialização do país, o governo japonês resolveu também o problema do desemprego, visto que havia uma grande quantidade de mão-de-obra barata e eram necessários cada vez mais funcionários para o bom funcionamento das empresas.
Os sectores que mais prósperos se tornaram foram principalmente os que se relacionavam com a indústria pesada e com os bens de consumo duradouros( electrodomésticos por exemplo). Também o comércio externo acompanhou esta expansão, chegando a duplicar ao mesmo tempo que as importações de matérias-primas. Entre os anos '66 e '71 o desenvolvimento dos sectores clássicos tal como os novos sectores deram um grande passo em frente, exportando as suas produções para todo o mundo fazendo com que Japão se tornasse uma das grandes potências mundiais, chegando a ultrapassar a Rússia nesse mesmo período.
Mas mesmo ao lado do potente Japão, nasce uma nova China, baseada e apoiada pelo comunismo, tendo como líder Mao-Tse-Tung, grande seguidor da ideologia marxista-leninista. Todavia, o maoísmo fugia parcialmente à ideologia tradicional de Marx, que via no operariado a essência da revolução, engrandecendo mais o papel dos camponeses aos quais atribuía o papel de revolucionários. Portanto, a economia chinesa baseava-se essencialmente na agricultura tradicional, não favorecendo de qualquer inovação tecnológica de modo a oferecer um maior número de empregos aos camponeses que eram organizados em comunas populares concebendo o modelo de vida comunitário.
Por um lado, Mao ataca Kruchtchev considerando que ao ter aceite a coexistência pacífica este fugiu aos ideais socialistas, considerando a China como o único país verdadeiramente socialista e seduzindo numerosos jovens, até os do Ocidente, afastando-se deste modo e rompendo as relações com a URSS. Mas temos por outro lado um Kruchtchev que ataca Mao afirmando que este baseou-se apenas nos camponeses ignorando o proletariado conseguindo desta forma a vitória deformando a própria ideologia marxista. Portanto, os dois líderes atacavam-se afirmando, tanto um como outro, que o líder vizinho fugia à verdadeira ideologia socialista.
Mas a grande aposta numa agricultura tradicional de Mao levou ao fracasso todo o país nos anos '60, chegando este até a ser afastado da presidência da República. Mas não desistindo e mantendo-se como líder do partido comunista, Mao lança uma nova campanha de massificação através da "Revolução Cultural" reforçada no livro de Mao conhecido como o "livro vermelho" publicado em 1964. O líder comunista revolta-se contra as estruturas não correspondentes à base económica socialista, desencadeando um conjunto de revoltas violentes que quase levaram à uma guerra civil, tendo-se chegado a recorrer ao exército para a restauração da ordem.
Contudo, após esta onda de revoluções, Mao consegue recuperar o seu poder e em 1971 até consegue com que a China entre na ONU, facto que prestigiou bastante o país em si e a sua política externa.
Sintetizando, após a grande guerra mundial que mudou o rumo do mundo para sempre, todos os povos assistiram ao grande crescimento do mundo oriental, tendo alguns povos chegando a ser potências mundiais, como foi o caso do Japão. Por outro lado, a China mesmo tendo adoptado uma política socialista, não conseguiu melhorar a situação económica do país, pois apenas se apostou numa agricultura tradicional  e tendo sido ignorado por completo o operariado, agente que normalmente se relaciona com o desenvolvimento industrial de um país.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O mundo comunista

Tal como já tinha referido na publicação anterior, nesta edição vou abordar a questão da expansão comunista, que se deu após o grande conflito mundial e que chegou a abranger todo um conjunto de países.
Após o 1945, a URSS tornou-se numa máquina imparável que pretendia expandir a sua ideologia pelo mundo inteiro de forma a conseguir dominar todos os territórios com base no comunismo tendo em conta uma economia planificada e um forte desenvolvimento industrial. Visto que após a guerra, a URSS dominava todos os territórios da Europa Oriental até à Alemanha(mais tarde República Democrática Alemã), pois tinha-os libertado do domínio nazi, esta começa a implantar a sua ideologia socialista em todos estes países que rapidamente a adoptaram. Deste modo, até 1948 o bloco soviético tinha na sua posse definitivamente todo o território oriental do continente europeu. Os países que então adoptaram esta política comunista, auto-definiram-se como sendo democracias populares, ou seja, onde todo o poder e gestão do Estado provém das classes trabalhadoras, típica característica do regime socialista que Marx tinha descrito no século anterior e que já no século XX Lenine tentou pôr em prática através da Revolução Russa de 1917, onde o regime socialista teve êxito. Tal como os EUA, a URSS procedeu à criação de um pacto com o objectivo de facilmente conseguir a cooperação entre todos os países aderentes aos bloco socialista, ficando este conhecido como o Pacto de Varsóvia( 1955).
Seguidamente, a URSS esfomeada( como Churchill a tinha descrito num dos seus discursos) infiltrou-se no território asiático de modo a obter um maior número de aderentes à sua ideologia, que seria reforçada com base no maior número de apoiantes. Foi assim que este gigante soviético se instalou na Coreia do Norte, visto que a do Sul era dominada pelos EUA. Quando o bloco soviético tentou invadir a Coreia do Sul criou um violenta guerra entre as duas partes do país que ainda nos nossos dias afrontam-se constantemente.
Já nos restantes casos no território asiático, o regime socialista teve facilidades em implantar-se devido a uma vaga onda de revoluções nacionais que claramente foram apoiadas pelo agente principal do regime( URSS).
Este movimento alastrou-se para o território africano, onde a intervenção soviética conseguiu a instauração do seu regime nalguns países. Mas o movimento que pode ser considerado como o mais perigoso período da Guerra Fria, foi a intervenção do bloco socialista num dos territórios estrategicamente perigosos para os EUA, que foi a Cuba. Após uma revolução contra o regime ditatorial de Fulgêncio Batista, liderada por Fidel Castro e Che Guevara, e simultaneamente da recusa do apoio americano, o bloco socialista facilmente se instala no território cubano com o objectivo de dar apoio bélico aos revolucionários cubanos, sem o conhecimento dos EUA. Foi no momento do descobrimento das bases militares soviéticas pelos americanos que o terceiro conflito mundial esteve mais perto do que se pensava, desta vez muito mais perigoso devido às potencialidades atómicas de ambos os blocos. Contudo, tendo em conta que o líder russo optou por uma coexistência pacífica, o conflito evitou-se, após a retirada demorada das bases militares socialistas com a condição de que os EUA iriam retirar as suas bases militares da Turquia de modo a garantir que a URSS não estará num constante perigo de ser atacada pelos mísseis implantados no território turco.
Todo o modelo socialista da secunda metade do século XX estava baseado numa economia planificada que mais tarde viria a apresentar as suas falhas, que teriam sido fatais para a sua expansão.
Deste modo, nas primeiras décadas do pós-guerra, o socialismo ganhava cada vez mais poder industrial, devido ao forte desenvolvimento das industriais pesadas, factor que demonstrava o seu potencial em relação ao seu rival capitalista que estava ele também empenhado num forte desenvolvimento atómico. Contudo, a economia planificada da URSS aos poucos vinha a evidenciar as suas falhas de funcionamento, tal como por exemplo o fraco desenvolvimento da vida social, ou seja, empenhada num rápido crescimento industrial, esta marginaliza o aumento de condições favoráveis à população, factor que viria a reflectir-se na própria produção e gestão das grandes empresas que não tinham qualquer liberdade de autonomia. Mesmo quando o bloco soviético se apercebeu dos seus erros e tentou corrigi-los, este não conseguiu chegar ao nível pretendido de modo a equilibrar o desenvolvimento industrial e agrícola com o aumento das condições de vida da população, fazendo com que uma forte burocracia se manifestasse cada vez mais que por sua vez se traduzia num elevado aumento da corrupção, aumentando simultaneamente os bloqueios económicos  e levando à completa estagnação da economia. Com a total falha económica presenciada, os partidos comunistas viram-se aproximados do seu fim já nos anos '80.
Foi portanto na questão económica que o grande bloco socialista não prestou a atenção necessária de modo a garantir a sua existência como potência mundial por mais tempo e fracassando frente ao modelo capitalista que rapidamente se aproveitou do grande falhanço comunista.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Variação do crescimento do capitalismo económico(1800-2000)

O mundo capitalista

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, tal como já tinha referido nas publicações anteriores, surgiram no mundo duas super-potências mundiais, por um lado a URSS que se traduzia na ideologia comunista e por outro lado os EUA, ou seja, o mundo capitalista. É sobre este mundo capitalista que me irei debruçar nesta publicação.
Visto que o mundo ficou dividido entre dois blocos com ideologias diferentes que se confrontavam mutuamente através de um desenvolvimento industrial de modo a demonstrar o seu potencial bélico e industrial no geral, surge um confronto mútuo entre o capitalismo e o comunismo.
Com o fim da guerra, os EUA aplicaram uma série de reformas tanto a nível económico, com a aplicação do Plano Marshall, que permitiu a reconstrução de uma economia capitalista mesmo no território europeu, como a nível político-militar, onde foi criada uma aliança entre os ocidentais descrita no Tratado do Atlântico Norte. A aplicação deste tratado em prática deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte(OTAN) que foi uma importante organização militar do pós-guerra formada pelos EUA, pelo Canadá e mais dez nações europeias. Basicamente esta organização foi criada com o fim de ser uma "arma" defensiva contra a URSS. Tendo em conta a mesma questão de segurança, os EUA criavam pontos estratégicos de modo a obter a maior segurança possível.
Contudo, ao contrario da URSS, os EUA além de apostarem em grande parte no desenvolvimento industrial, não deixaram de parte a questão socio-cultural e económica e deste modo o regime democrático deveria assegurar o bem-estar dos cidadãos e a justiça social. Após a Grande Depressão, a importância de um Estado economicamente forte evidenciava cada vez mais uma maior preocupação com as questões sociais . Surgiram simultaneamente duas correntes políticas, ambas de carácter democrático, a corrente social-democrata que tinha as suas bases no socialismo, mas que rejeita a via revolucionária proposta por Marx e a democracia cristã que se inspirava na doutrina social da Igreja e que defendia que a democracia não se devia limitar ao sufrágio universal e à alternância política, mas tem por função assegurar o bem-estar dos cidadãos. 
Mas mesmo partindo de ideologias diferentes, os sociais-democratas e os democratas-cristãos tinham como fim as reformas económicas e sociais profundas. Na Europa, os governos lançam-se num vasto programa de nacionalizações tornando-se o Estado o principal agente económico do país. Desta maneira, o sistema de impostos foi revisto, reforçou-se o carácter progressivo das taxas e a assegurou-se a redistribuição mais equitativa da riqueza nacional sob a forma de auxílios sociais. Este conjunto de medidas deu origem ao Estado-Providência, ou seja, a um Estado que não se preocupava apenas com questões meramente político-económicas mas também questões sociais e culturais.
Tal como seria de esperar, após uma maior intervenção do Estado na vida económica, foi notório um maior crescimento económico com bases mais sólidas. Foi precisamente após a guerra que o capitalismo atingiu o seu auge, tendo as produções triplicado e nalguns sectores terem-se multiplicado por dez( como no sector automóvel ou da produção energética). Esta época de plena prosperidade económica ficou conhecida como a época dos "Trinta gloriosos", trinta porque foram aproximadamente trinta anos de grande desenvolvimento económico. Portanto, nesta época de próspera actividade económica os processos que mais se destacaram relacionaram-se com: a aceleração do progresso tecnológico, o recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, o aumento da concentração industrial e do número de multinacionais, o aumento da população activa( mão-de-obra mais qualificada), a modernização da agricultura e o crescimento do sector terciário. Consecutivamente, com o aumento da actividade económica, o aumento do poder de compra da população aumentou sem qualquer limitação. De um certo modo, as pessoas procuravam um maior conforto material, visto que tinham um bom emprego, um bom salário e boas condições no geral oferecidas pelo Estado-Providência e sucessivamente a sociedade tornava-se cada vez mais uma sociedade de consumo. Naturalmente, desenvolveram-se também as estratégias publicitárias de modo a atrair cada vez mais a população para o consumo, os bancos ofereciam cada vez mais créditos o que tornava o sistema de pagamento mais acessível aos consumidores que não se importavam com o facto de pagarem algumas taxas de juro que lhes eram impostas pelos bancos onde lhes eram dados os créditos em questão.
Desta maneira, o período pós-guerra foi um período de plena prosperidade politico-economico-social, devido ao desenvolvimento constante da economia e das condições de vida das populações com a criação do Estado-Providência. Foi principalmente neste mesmo período que após ter falhado nos anos '30, o capitalismo volta a tentar atingir o seu auge e consegue-o através do crescimento do consumismo que aumentava graças às estratégias utilizadas pelos próprios estados. Foi, contudo, nos EUA que o consumismo foi o fenómeno mais observado e que pretendia expandir-se pelo mundo fora, devido à concorrência externa da URSS, ou seja, do sistema comunista.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Tempo da Guerra Fria

Já antes do início da Segunda Guerra Mundial, os EUA estavam afirmados no mundo como sendo uma super-potência que tinha grandes expectativas e grandes meios para conseguir alargar e espalhar a sua ideologia capitalista. Contudo, após a vitória dos Aliados sobre os regimes totalitários europeus, a Rússia começa por ganhar meios para se afirmar como uma das maiores potências, nomeadamente chegando a fazer concorrência aos próprios EUA. Foi o surgimento desta concorrência entre as duas potências mundiais( URSS e EUA) que traduziu o desejo, de ambos os lados, de expandirem a sua ideologia pelo mundo fora, fazendo com que houvesse mais adesão possível dos países de todo o mundo. É assim que surge uma "guerra mútua" entre o mundo capitalista e o mundo socialista, baseando-se no desenvolvimento industrial de cada país( URSS e EUA), tentando assim mostrar qual é o mais potente a nível industrial, ou seja, o tal conflito mútuo que é conhecido com o nome de "Guerra Fria" baseou-se num grande e rápido desenvolvimento industrial de ambas as partes.
Temos por um lado uma América, que aproveitando-se da situação devastadora em que o continente europeu se  encontrava, com o objectivo de espalhar a sua ideologia capitalista e  lutar contra a expansão do socialismo, oferece a sua ajuda a nível económico a uma Europa enfraquecida depois de um conflito que deixou o continente totalmente abalado, tanto economicamente como social e politicamente. Desta maneira é aplicado um plano económico conhecido como o "Plano Marshall", que consistia num sistema livre de comércio entre os países capitalistas, ou seja, com este plano era posta em prática uma economia mundial activa, que tal como George Marshall afirma "...permite a existência de instituições livres[...]e não se dirige contra nenhum país ou doutrina...".
Por outro lado, temos uma resposta quase imediata da Rússia em 1949, dois anos após a criação do plano americano, com a criação de um plano económico socialista com o nome de "Plano Molotov" e que mais tarde daria origem ao COMECOM( Conselho de Assistência Económica Mútua) que era uma instituição destinada a promover o desenvolvimento integrado dos países comunistas sob o controlo da URSS.
Procede-se deste modo à divisão do mundo em dois blocos, mais precisamente, o mundo ficou dividido entre duas super-potências com ideologias distintas, uma capitalista e outra socialista. Uma forte prova, por assim dizer, da tal divisão verificou-se na divisão do espaço físico da Alemanha entre o mundo socialista e o mundo capitalista com a construção de um muro que era a própria prova de tal divisão, ficando assim a Alemanha dividida em duas partes, uma denominada como República Federal Alemã( EUA, França e Inglaterra) e a outra conhecida como a República Democrática Alemã(URSS).
Este afrontamento entre as duas super-potências mundiais prolongou-se até meados dos anos '80, altura em que o bloco soviético demonstrou os seus primeiros sinais de fraqueza( irei falar destas nas próximas actualizações). Durante toda esta concorrência mútua entre os dois blocos, o mundo inteiro viveu num clima de constante tensão com a desconfiança e o medo do surgimento de uma nova guerra que poderia vir a ser devastadora para toda a humanidade, visto que desta vez a indústria bélica estava bastante avançada e poderia ser fatal para o mundo.
Deste modo, durante a Guerra Fria, cada um dos blocos correu ao desenvolvimento da indústria bélica para demonstrar as suas potencialidades e o seu poder industrial, fazendo com que a concorrência crescesse cada vez mais e com que a situação ficasse cada vez mais tensa entre as duas potências. Todavia estas acabavam por se influenciar uma a outra sempre atentas ao "inimigo" ideológico.