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sábado, 29 de janeiro de 2011

As novas regras da economia internacional

No período do pós-guerra o planeamento político dos países foi acompanhado por um planeamento económico com o objectivo de estruturar a situação monetária e financeira do período de paz.
Como se sabe, a Rússia, após a vitória sobre o nazismo, começou a surgir como a segunda potência mundial fazendo uma grande concorrência aos EUA que já se encontravam no topo económico do mundo, ou seja, era a principal potência mundial. Visto que os EUA eram contra os regimes autoritários europeus que segundo estes prejudicavam o crescimento económico estavam desejosos por uma nova ordem económica baseada na cooperação internacional onde o dólar viria a ser a moeda-chave.
Por outro lado, devido às perdas da guerra as colónias dos países europeus também viram-se prejudicadas e surgiu-lhes o desejo da independência, ou seja, o desejo de pôr fim ao domínio europeu. Foi desta maneira que surgiram os grandes rivais mundiais, a URSS e os EUA, ou seja, devido à grande concorrência que surgirá entre estas cada uma tentava dar o maior apoio possível aos países que estavam ansiosos pela independência de forma a conseguir mais adesão possível à sua ideologia, do lado americano ao capitalismo e do lado russo ao socialismo. Deste modo surgiu um grande movimento de descolonização tanto no continente africano como no continente asiático. Foi com a descolonização que os impérios europeus viram o seu fim tendo sido o fenómeno político mais relevante da segunda metade do século XX.
Resumindo, tanto a URSS como os EUA tentavam ajudar o maior número de antigas colónias de forma a conseguirem um maior apoio ideológico, ou seja, ao ajudarem as colónias implantarem a sua independência estas pretendiam uma adesão à sua ideologia, ao capitalismo da parte dos EUA e ao socialismo da URSS. Deste modo surgirá mais tarde uma grande conflito mútuo entre estes dois rivais que será denominado como o período da Guerra Fria, que predominou até aproximadamente ate ao final do século XX.  

sábado, 22 de janeiro de 2011

A reconstrução do pós-guerra

Com o surgimento dos regimes fascistas na Europa, sendo estes grandes potências industriais, veio-se a alertar o surgimento de um novo conflito mundial, que talvez tivesse tido a sua encenação na Guerra Civil de Espanha entre os 1936-1939, disputada entre os falangistas( apoiantes do general Franco) e a Frente Popular onde as potências fascistas contribuíram com o seu apoio para a implantação de um regime ditatorial e onde estes mesmos testaram a industria bélica que mais tarde viriam a utilizar na Segunda Guerra Mundial.
Por mais bem preparados e por mais investimentos que tivessem feito na industria pesada os regimes fascistas vieram a sofrer a derrota desta vez também. Países como França, Inglaterra, EUA e talvez a principal protagonista a URSS saíram vencedores fazendo frente aos regimes autoritários europeus. 
Logo em Fevereiro de 1945 realiza-se a primeira conferência de paz em Ialta com o objectivo de se estabelecerem as regras que devem sustentar a nova ordem internacional do pós-guerra. Foi aí que se definiram as fronteiras da Polónia( país antes disputado entre a URSS e a Alemanha), prosseguiu-se à divisão da Alemanha pelos países vencedores, planeou-se uma futura conferência sobre a questão da fundação da Organização das Nações Unídas(ONU) e tal como no Tratado de Versalhes estabeleceu-se uma quota a pagar pela Alemanha devido às reparações da guerra. Mais tarde viria a ser desenvolvida uma outra conferência, desta vez em Potsdam, mas desta vez num clima mais tenso visto que começavam a surgir as desconfianças em relação às ideias expansionistas de Estaline e do regime comunista. Os princípios desta conferência baseavam-se na ordem política, ou seja, principalmente na destruição do regime totalitário alemão. Dizendo por outras palavras nesta conferência foram discutidos e aprovados princípios meramente relacionados com ideologias. 
Como não podia deixar de acontecer, após a guerra surge um novo quadro geopolítico, acontecimento comum após um conflito de ideologias e potencias industriais. Deste modo a Alemanha fica dividida pelos vencedores e surgem novos países independentes, principalmente no território africano, onde muitas antigas colónias conseguem libertar-se do domínio da metrópole. 
Por outro lado, ao serem libertados pelos soldados russos do regime nazi, alguns países da Europa de Leste adoptaram rapidamente o sistema socialista e fizeram com que surgisse uma nova desconfiança da parte do mundo capitalista que tanto como os socialistas queriam divulgar a sua ideologia e acumular cada vez mais apoiantes. Surge portanto uma grande concorrência mútua entre os capitalistas( EUA) e os comunistas ( URSS) devido às suas ideologias. Falo nos EUA e na URSS porque eram as duas maiores potências mundiais existentes naquela altura e duas grandes rivais devido às suas ideologias que tanto queriam expandir pelo mundo fora. Contudo num dos discursos  que o primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, faz na Universidade de Fulton este fala sobre o receio de a Rússia querer tudo aquilo a que ela, a seu ver, tem direito e poder desta forma provocar um outro conflito, ou seja, já logo após o final da guerra Churchill chama a atenção para o perigo de uma nova guerra mas desta vez provocada pelo regime comunista que tem vindo a ameaçar o mundo capitalista. Em resposta, Estaline apresenta um argumento pouco fundamentado e talvez até sem qualquer nexo comparando o PM inglês ao chanceler alemão, Hitler, afirmando que este apenas validava e valorizava os povos que falassem a língua inglesa, ou seja, querendo dizer que Churchill fazia o mesmo que o Hitler fez com as questões relacionadas com a etnia racial e com a língua germânica, criando deste modo um povo egocêntrico e superior aos outros povos existentes. Atrevo-me a afirmar que tal comparação é pouco racional e não tem qualquer fundamento que a prove, visto que Churchill apenas elogiou os EUA e o mundo capitalista por estarem no cume do poder mundial e não teve qualquer intervenção onde evidenciasse a importância da língua inglesa ou algo do mesmo género. 
Como já tinha referido, em 1945 foi criada uma organização de ilimitada importância para uma paz estável e duradoura que ainda na actualidade existe e é denominada como ONU, ou seja, Organização das Nações Unidas. Os propósitos fundamentais da ONU são: manter a paz, desenvolver relações de amizade, desenvolver a cooperação internacional e funcionar como centro harmonizador. Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, todos os documentos fundamentais das Nações Unidas passaram a fazer parte dando uma maior credibilidade e diversidade à Declaração. Deste modo para além dos Direitos atribuídos em 1789 na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão esta nova Declaração viria a ter um valor não apenas relacionado com os direitos sociais do Homem, mas sim um valor económico-social. 
Por sua vez a ONU era constituída por múltiplos órgãos de funcionamento tal como: a Assembleia-Geral, o Conselho de Segurança, o Secretariado-Geral, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça e o Conselho de Tutela.
Surgem também agências especializadas entre as quais a FMI( Fundo Monetário Internacional) e o BIRD( Banco Mundial) sendo este capitalista visto que a maioria dos países aderentes à ONU regiam-se pelos sistema económico capitalista.
O pós-guerra trouxe muitas mudanças a nível mundial tanto geopolíticas como sociais e económicas. Observou-se o crescimento e a constante concorrência entre as duas maiores potências mundiais, URSS e EUA, que mais tarde seria conhecida como a Guerra Fria devido à sua característica mútua e constante tensão vivida mundialmente. A criação da ONU foi talvez a melhor medida tomada com o fim de evitar qualquer conflito futuro que poderá surgir e que ainda hoje desempenha um cargo importantíssimo a nível mundial sendo a coordenadora da paz e da coesão mundial.  

sábado, 8 de janeiro de 2011

Estado Novo( Continuação)

Conta-nos a história que em 1933 entrou em vigor em Portugal uma nova constituição, que veio a alterar maioritariamente as leis que predominavam durante todo o período da República portuguesa e que se encontravam registadas na Constituição de 1911.
Visto que desde 1926 Portugal vivia num regime ditatorial, a dita Constituição veio a reforçar ainda mais o poder executivo do país, pois segundo o chefe de Estado só este garantia um Estado forte e autoritário.
Tal como nos outros estados de origem fascista, em Portugal defendia-se o Partido Único, pois a existência de mais do que um partido, segundo Salazar, desunia o povo português e isso ia contra os seus princípios. Foi igualmente criado o corporativismo, sendo este o modelo da organização económica, social e política. Contudo, apesar de terem sido descritas várias corporações na Constituição de 1933, apenas foram postas em prática as de natureza económica, sendo esta a forma como o Estado controlava a economia do país.
Uma estratégia para a adesão do povo ao regime predominante foi a criação de diferenciadas instituições e associações de maneira a conseguir o enquadramento das massas. À semelhança dos outros estados autoritários, em Portugal também se adoptou a estratégia da propaganda para uma maior adesão do povo português e para isso foi criado o Secretariado da Propaganda Nacional( SPN). Neste contexto podemos também referir a concretização da União Nacional, uma organização não partidária constituída por apoiantes do regime onde se discutiam assuntos políticos.
Mais uma semelhança entre o estado português e os estados fascistas observou-se na criação da Legião Portuguesa( organização paramilitar) e da Mocidade Portuguesa( semelhante à Juventude Hitleriana e Fascista) que veio a estimular mais o facto de Portugal se aproximar cada vez mais de um Estado fascista e autoritário. A censura também ela viu-se a ser expandida no território português como um meio de manter a ordem social tendo-se proibido a publicação de muitos jornais e/ou livros que o Estado considerava provocadores da instabilidade social.
Sendo um país autoritário, o estado português não podia deixar de prosseguir à criação de um aparelho repressivo que seria responsável pela defesa da ordem social e geral. Foi então que surgiu a PVDE( Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado) que após o final da Segunda Guerra Mundial viria a denominar-se PIDE( Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Tal como na Alemanha ou na Itália, em Portugal a PIDE também utilizava estratégias bastante violentas para demonstrar o seu poder aos cidadãos e para transmitir a mensagem de que deve ser mantida a total ordem social no Estado para que este possa ser forte e possa desempenhar as suas funções sem se preocupar com qualquer tipo de instabilidade.
Apesar de todas estas medidas tomadas, a principal preocupação do Estado, ou melhor dizendo de Salazar, era a situação económica que tanto abalava o país, afinal de contas ele tinha sido o Ministro das Finanças de Portugal e encontrava-se dentro de toda a matéria económica e financeira do estado português. Encontraremos fortes semelhanças entre Salazar e Mussolini visto que o chefe italiano era um grande exemplo para o chefe português que viria a organizar uma economia bastante semelhante àquela em que Mussolini tinha apostado, ou seja, tal como o chefe italiano, Salazar apostou principalmente na agricultura devido à sua ideia de que desta forma seria muito mais difícil os portugueses organizarem-se em grandes agrupamentos para realizar greves e instabilidades pois estes não iriam invadir a cidade mas sim manteriam-se nos espaços rurais para conseguirem realizar as suas actividades relacionadas com a agricultura. Deste modo viria a instalar-se no país o modelo intervencionista e autárcico. Contudo, a economia portuguesa não se limitou apenas à agricultura, mas também viu-se abrangida pelas obras públicas, pela indústria e pelas colónias, ramos em que o Estado Novo apostou para um desenvolvimento positivo e rápido do país. Contudo a política intervencionista de Salazar era submetida a variadíssimas críticas dos opositores, chegando a ser afirmado de que o Orçamento proposto não era para um desenvolvimento contínuo do estado português mas sim para a estagnação do mesmo. Numa dessas críticas podemos constatar o descontentamento pelas medidas tomadas pelo Salazar: "O erro dele foi querer equilibrar o Orçamento só criando receitas e sobrecarregando com novos impostos[...]suprimindo ou diminuindo as despesas não reprodutivas..."diz-nos Afonso Costa numa entrevista que deu ao jornal "O Primeiro de Janeiro"(censurado em Portugal) em 1933 encontrando-se em Paris. Apesar destas críticas da oposição, o facto é que Salazar conseguiu um equilíbrio orçamental através da aplicação dos impostos e de uma melhor administração dos dinheiros públicos. Uma das medidas tomadas foi também o aumento dos impostos sobre as importações fazendo com que estas diminuíssem e com que o país ficasse menos dependente do exterior, tornando-se cada vez mais independente economicamente. Uma vantagem em relação aos outros países europeus foi a questão da sua neutralidade na Segunda Guerra Mundial, o que fez com que o país mantivesse o seu equilíbrio financeiro. Como já referi anteriormente, o Estado Novo apostou em grande parte na agricultura, construindo barragens com o fim de uma melhor irrigação de solos. Apostou-se muito na produção vinícola, do arroz, da batata, do azeite, da cortiça e das frutas. Um processo igual e com o mesmo nome que ocorria na Itália, A Campanha do Trigo, viu-se expandida pelo território português vista como o equilíbrio dos sectores produtivos e principalmente do sector cerealífero. Esta medida nas dadas circunstâncias era um princípio mercantilista que visava a maior exportação e uma menor importação. Devido a este crescimento da produção de cereais, o estado português, num período de crise e de instabilidade que atingia todo o território europeu, conseguiu tornar-se um país auto-suficiente. Por outro lado, a política de autarcia abrangeu também a questão das obras públicas, tendo sido construída uma rede de caminhos-de-ferro e de pontes e também tendo sido construídas  e reparadas estradas de maneira a que a comunicação e o mercado interno pudesse facilmente funcionar. Além disso, a rede telegráfica e telefónica também foi expandida, tal como a electrificação foi.
Tendo em conta um espírito crítico, devemos apreciar todas ou pelo menos a maioria das medidas relacionadas com o desenvolvimento de Portugal que o Dr. Salazar se atreveu a pôr em prática com a ajuda de outros elementos que o apoiavam. Mesmo tendo sido um chefe rigoroso( característica descritiva de um chefe autoritário) e tendo tomado medidas prejudiciais a nível social, não podemos critica-lo tendo em conta apenas factores que mesmo após a sua morte predominavam no Estado português devido aos actos violentos de algumas organizações implantadas durante a existência do Estado Novo para controlar e manter a ordem social, mas devíamos encontrar e apreciar o lado positivo da sua estadia no poder, que foi o facto de ele ter sido o homem quem conseguiu melhorar a situação económica pavorosa em que o país se encontrava antes e após a implantação da República.