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sábado, 23 de outubro de 2010

Portugal no primeiro pós-guerra

Como já sabemos, após a implantação da República em Portugal, esta teve que enfrentar várias dificuldades, tanto a nível económico como a nível social e político.
Um outro grande factor que contribuiu ainda mais para o agravamento das coisas foi a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Isto aconteceu em 1916, fazendo com que os desequilíbrios económicos e o descontentamento social se acentuassem ainda mais.
Havia uma grande falta de bens de consumo que fazia com que o desespero, principalmente dos estratos mais desfavorecidos aumentasse. O défice da balança comercial crescia cada vez mais, a dívida pública aumentava e desta forma o país continuava a galopar para uma inflação cada vez maior.
Com esta grande crise que se vivia, as classes médias, que tinham apoiado tanto a República, viam-se traídas por esta. Também o operariado ficava cada vez mais descontente, provocando desta forma graves agitações sociais.
Como já tinha referido, com a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, a instabilidade política agravou, pois já antes da entrada para a guerra o país estava ameaçado por uma ditadura militar.Com a dita ditadura, Sidónio Pais destituiu o presidente da República e dissolveu o Congresso fazendo-se eleger presidente por eleições directas em 1918. Este apoiou-se principalmente nos monárquicos, dizendo-se como o fundador de uma Nova República. Este não esteve muito tempo no poder, tendo sido assassinado em Dezembro de 1918. Com a morte de Sidónio Pais e com o fim do sidonismo ( foi assim que ficou denominada a época em que este esteve no poder), houve uma guerra civil em Lisboa e no Norte do país, que fez com que os monárquicos se aproveitassem e ensaiassem uma dita "Monarquia do Norte" proclamada na cidade do Porto. Em Março de 1919, parecia-se que o funcionamento democrático das instituições regressou, porém este estava bastante instável, visto que havia uma divisão entre os republicanos que se agravou, as maiorias parlamentares jamais se verificaram. A esta instabilidade política juntava-se também actos de violência, que faziam com que a situação agravasse ainda mais e a instabilidade social e política aumentasse.
Desta forma notou-se o grande fracasso da República que fez com que a oposição se reorganizasse. Como consequência, os grandes proprietários e capitalistas criaram em 1922, a Confederação Patronal, que mais tarde se transformou em União dos Interesses Económicos. Também as classes médias apoiaram um governo forte que poderia vir a salvar a sua situação económica.
Como Portugal não tinha bases democráticas fortes e além disso, como se encontrava numa profunda crise socioeconómica, tornou-se um país facilmente dominante pelo autoritarismo. Como consequência, a Primeira República portuguesa caiu em 28 de Maio de 1926, após um golpe militar e sem qualquer apoio a não ser do Partido Democrático e dos sindicalistas.
O poder viria a cair nas mãos dos católicos e dos neo-sidonistas, o nome que este grupo viria a adquirir, liderados pelo general Carmona.
Vimos então que a Primeira República portuguesa teve imensas dificuldades para enfrentar, e não tinha muitos meios para o fazer. Foram estes motivos que levaram para o fracasso desta e para a instalação do autoritarismo em Portugal. Se não fosse a Primeira Guerra, talvez a Primeira República tivesse sobrevivido e continuado a luta contra todas as dificuldades pós-revolucionárias.

Mutações nos comportamentos e na Cultura

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, houve uma notória mudança nos comportamentos e mesmo a nível cultural. Foi notória também uma grande urbanização que fazia das cidades o principal centro cultural e social dos países. Com o desenvolvimento das cidades, ou melhor, com o crescimento demográfico a nível urbano, o próprio indivíduo deixa de ter tanta importância e passa a ser apenas "mais um". Começou-se a dar mais importância aos lazeres e ao consumo, fazendo com que surgisse uma nova cultura baseada nas distracções.
A convivência entre os sexos passou a ser mais livre e até podemos dizer que passou a ser sem preconceitos, dado que a mulher passou a ser mais observada e conseguiu livrar-se do domínio masculino. Esta começou a visitar clubes nocturnos, começou a fumar, a beber, cortou o cabelo, diminuiu a saia, entre muitas outras coisas. Desta forma a mulher começou a ser encarada como um verdadeiro ser social activo.
Também foi notório o desenvolvimento do gosto pelo desporto e pelos meios de transporte industrializados, principalmente pelo automóvel. Desta maneira, as classes médias foram a principal marca da modernidade nas primeiras décadas do século XX.
A brutalidade da guerra, fez com que todos os valores morais e sociais desaparecessem fazendo com que se instalasse um clima de relativismo, ou seja, tudo aquilo que antes era basicamente uma obrigação de um individuo evaporou-se com o fim da Primeira Guerra. Valores como por exemplo, o casamento, a família, o papel da mulher, que irei falar mais à frente, os preceitos religiosos, tudo isto desapareceu com o choque da guerra e podemos dizer que vivia-se um clima de crise de consciência. Foi este relativismo de valores que fez com que as mudanças acelerassem ainda mais.
Falaremos então da emancipação feminina. Como já tinha referido, a mulher teve um grande impacto na sociedade a partir do início do século XX. Principalmente depois da Primeira Guerra Mundial, esta teve a oportunidade de ser afirmar como ser social activo, como já tinha dito. E como é que ela o fez? Um dos meios que a mulher utilizou para se afirmar foi a participação na vida política, ou seja, nos vários países europeus, esta foi ganhando cada vez mais o direito de votar. Em Portugal, temos o exemplo de uma grande mulher que teve uma importância enorme para a sociedade feminina, que foi Ana de Castro Osório. Esta organizou várias organizações e associações para apoiar as mulheres portuguesas.
Tal como a mulher começou e ela a trabalhar, esta viu-se cada vez menos dependente do Homem, visto que agora podia também sustentar-se a si própria e aos seus filhos, se fosse o caso.
Foi desta forma que a mulher mostrou a toda a sociedade masculina o seu valor social.
Uma outra consequência da guerra, a nível cultural e social, foi a mudança do pensamento, ou seja, passou-se de um pensamento absolutista para um pensamento relativista. E o que é que isto quer dizer? Quer isto dizer que até o início da Primeira Guerra Mundial, as pessoas regiam-se segundo várias leis, tradições, costumes, religiões e muitos outros padrões culturais e sociais e além disso acreditava-se numa verdade absoluta, porém após o fim da guerra, todos estes padrões desapareceram e no lugar da dita verdade absoluta apareceu o relativismo. Este defendia a impossibilidade do conhecimento absoluto e defende que todo o conhecimento depende do espaço, tempo e meio onde este se desenvolve. Um grande cientista da época foi Einstein, considerado o "génio" do século XX.
A questão de o ser humano ser totalmente racional também foi estudada, neste caso pelo Freud. Este chegou à conclusão de que a mente humana não é totalmente racional, mas tem uma zona que é obscura, a que Freud deu o nome de inconsciente. Esta ciência ficou conhecida sob o nome de psicanálise.
Vimos como a Primeira Guerra Mundial teve um forte impacto e nos valores humanos, tendo "apagado" tudo aquilo que existiu e tendo contribuído para a aparição de novas culturas e novos valores sociais. Estes foram devidamente notórios nos comportamentos dos indivíduos, tendo estes mudado as sociedades. Houve um notório crescimento da urbanização que fez com que o indivíduo perde-se uma grande parte do seu valor que lhe era atribuído e fazendo parte de um grande palco onde este era e ainda hoje é, apenas mais um figurante.

domingo, 3 de outubro de 2010

A regressão do demoliberalismo

No período após-guerra, a Europa encontrava-se numa situação extremamente difícil, tanto a nível económico como a nível social. Porém, o principal problema continuava a ser a grave situação económica que se mantinha firme e não permitia o desenvolvimento dos países europeus.
Inúmeras greves e manifestações eram organizadas pelos operários europeus, que se baseavam no sistema predominante na Rússia, e que pensavam que os seus países deviam seguir para um melhor funcionamento da sociedade.
Mesmo havendo países europeus, onde predominava o capitalismo, que estavam contra a Rússia e contra o seu sistema, esta segunda potência nascente continuava a querer expandir o comunismo por todo o mundo, ou seja, estes pretendiam com que nascessem revoluções socialistas no território europeu.
Os partidos socialistas e sociais-democratas da Europa, que quisessem seguir o mesmo rumo que o Partido Comunista na Rússia, eram obrigados a libertarem-se das tendências reformistas-revisionistas, anarquistas e pequeno-burguesas e deviam apoiar o bolchevismo e o centralismo democrático. Só desta maneira estes partidos poderiam vir a ter o nome de partidos comunistas.
Devido a estes acontecimentos, em todos os países europeus, se não todos, a maioria, sofreu alterações a nível social e político.
Na Alemanha, por exemplo, os operários, os soldados e marinheiros reuniram-se em conselhos, inspirados no modelo russo. Graves conflitos a nível nacional surgiram e no território alemão. A facção de extrema-esquerda do partido social-democrata enfrentava a República parlamentar de Weimar. Os revolucionários proclamaram em Berlim uma república socialista, e mais tarde fundaram o Partido Comunista alemão. A fundação deste partido fez com que as forças leais ao Governo executassem os chefes do movimento comunista. Porém, alguns meses depois, os operários e os chamados comunistas voltaram a mostrar o seu descontentamento através de novas manifestações.
Basicamente a mesma situação viu-se na Hungria. Devido à pressão interna e externa o comunismo não conseguiu desenvolver-se o suficiente e o seu líder retirou-se em Agosto de 1919.
Na Itália também podia observar-se o mesmo cenário, tal como na França e Grã-Bretanha.
Uma solução prevista para a resolução deste problema a nível de todo o território europeu foi a recorrência ao autoritarismo. Para a burguesia financeira e mesmo para os pequeno-burgueses e classes médias, que estavam afectados pela enorme inflação que lhes roubava o poder de compra, a instalação do regime autoritário era a única solução para o melhoramento da economia nacional e para a paz e dignidade do país e do povo.
Foi assim que surgiram os primeiros movimentos autoritários, conservadores e nacionalistas, principalmente onde a democracia liberal não dispunha de bases suficientemente fortes.
Desta forma, na Itália, surge Mussolini, que ao organizar a Marcha sobre Roma, obrigou o rei italiano a nomeá-lo chefe do Executivo. Foi aí que Mussolini instalou no território italiano a sua ditadura conhecida como fascismo. Para o chefe italiano, o Estado representava "...a colectividade nacional...".
Tal como na Itália, nos outros países europeus como a Espanha, Hungria,Bulgária,Grécia,Portugal, Polónia, Áustria e outros foi implantado um governo autoritário.
Na Alemanha com o aparecimento de Hitler, também foram grandes as mudanças, pois pouco tempo mais tarde surgiu o nazismo, que foi a ditadura da direita mais trágica alguma vez conhecida.
Devido a todas estas mudanças, notou-se obviamente a regressão do demoliberalismo e a implantação do autoritarismo como solução para a resolução dos problemas existentes a nível europeu.

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia

No ano de 1917, quando se deu a primeira revolução na Rússia, ainda governava o czar Nicolau II. Durante a sua governação o povo viveu nas piores condições, pois no Império dominava a fome e a miséria.
Como consequência no território russo tinham lugar inúmeras tensões sociais e até políticas. Os camponeses, os operários e até a burguesia e a nobreza liberal estavam empenhados em retirar todo o poder ao czar.
Além das condições más em que o,ainda, Império Russo se encontrava, este foi-se envolver na Primeira Guerra Mundial, que teve consequências devastadoras para todo o Império. Claramente, o descontentamento do povo aumentava cada vez mais. Liberais e socialistas denunciavam a incompetência do czar e dos seus ministros, querendo pôr fim à sua governação e ao Império.
Foi em Fevereiro de 1917 que as mulheres, acompanhadas dos operários manifestaram-se na capital do império, Petrogrado, com o objectivo de derrubar o czar. Foi então que os operários se juntaram numa assembleia, denominada Soviete.
O czar porém não queria abdicar do seu poder, "No dia da minha coroação, jurei o poder absoluto.", disse o rei quando o grão-duque pediu ao Nicolau II que este concedesse uma Constituição.
Obviamente que o povo ficou ainda mais agitado com as decisões do czar e desta maneira, sem qualquer apoio, este abdicou dos seus poderes a 2 de Março, pondo fim ao Império Russo.
No poder, ficou o Governo Provisório que estava empenhado na instauração de uma democracia parlamentar e que não retirou o país da guerra com o pensamento de ainda ter possibilidades de ganhar este conflito que tanto abalou a Rússia.
Do outro lado por todo o país os operários, os camponeses, os soldados e marinheiros juntavam-se em aos sovietes e tinham como objectivo o afastamento do Governo Provisório do poder, a retirada do país da guerra e a confiscação das propriedades.
Com o desenlace desta situação por todo o país, Lenine, defensor do marxismo, tomou a dianteira, fazendo-se reconhecido pela sua teoria, por todo o mundo.
Em 1918, explode um conflito a nível nacional, conhecido como A Guerra Civil Russa. Neste conflito armado participaram os bolcheviques, conhecidos como Os Guardas Vermelhos e entre os opositores ao bolchevismo, conhecidos como o exército branco, formado na maioria pelos burgueses e apoiado pelos corpos expedicionários da Inglaterra, França, EUA e Japão.
Após conflitos consecutivos Os Guardas Vermelhos acabaram por ganhar esta guerra civil.
Lenine defendia que para a construção de uma sociedade socialista, era necessário implementar, primeiramente, a ditadura do proletariado que devia possibilitar a supressão do Estado e eliminar a desigualdade social. Diz-nos Lenine que "...somente na sociedade comunista[...] que os capitalistas desaparecem e as classes também[...]e é então que o Estado cessa a sua existência e que se torna possível falar de liberdade."
Com a subida do Lenine ao poder, como chefe dos bolcheviques, toda a economia do país foi nacionalizada, ou seja, já não havia qualquer propriedade privada. Era ao Estado que competia a distribuição de bens, igualmente para todos. Para Lenine o Estado era o próprio povo, pois desta forma formavam a sociedade perfeita.
A dita ditadura do proletariado transformou-se na ditadura do Partido Comunista, era assim que passou a designar-se o Partido Bolchevista. Foram proibidos todos os partidos com excepção ao Partido Comunista, e desta maneira o poder era apenas do partido único.
Porém, com o desenlace da Guerra Civil o descontentamento dos camponeses aumentou, dado que estes eram obrigados a fornecer alimentos para as cidades e não podiam vendê-los para conseguir sustentar as suas próprias famílias.
A economia do país estava bastante enfraquecida devido ao facto de não existir concorrência entre os vendedores, dado que era o Estado que impunha os preços dos produtos, sendo estes todos iguais. Sem concorrência, a economia do país desenvolvia-se muito dificilmente levando desta forma a uma nova instalação da miséria.
Desde 1922, a Rússia, como fundadora, uniu-se com os países vizinhos e independentes e formaram  a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas( URSS). Todos estes países dispunham de uma Constituição e todos tinham os mesmos direitos, porém dispunham de uma certa autonomia.
Falava-se na altura de um centralismo democrático, que consistia no seguinte, todo o poder provinha da base, ou seja, dos sovietes, que eram escolhidos por sufrágio universal.Para melhor perceber o esquema do centralismo democrático, veja a página 19 do livro "O tempo da história,12º ano".
Ao aperceber-se das dificuldades que a economia nacional enfrentava, Lenine apelou a alguns princípios do capitalismo, pois só assim poderia resolver o problema presente no país. Desta forma, o Estado permite a desnacionalização das pequenas empresas que por sua vez permitiram a renascimento da pequena burguesia. Como consequência, o capitalismo privado permitiu o desenvolvimento do socialismo. Contudo, a "...indústria pesada[...]e os transportes..." continuavam sob o domínio do proletariado. Esta nova medida ficou conhecida como a Nova Política Económica (NEP).